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| Foto: Gustavo Lima/Agência Câmara

Entusiasta da candidatura de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e polêmico pelo tom verbal, o vociferante deputado João Rodrigues (PSD-SC) se apresenta como um defensor da família, da moral e dos bons costumes. Mas foi flagrado em maio de 2015 assistindo a um vídeo pornô no seu celular durante uma sessão do plenário. Se desculpou dizendo que eram postagens que recebe em grupo de whatsapp, que apagou todos esses conteúdos e que mostrou ao colega ao lado apenas para revelar sua indignação com aquelas cenas.

Rodrigues foi condenado na terça-feira (6) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a cinco anos e três meses em regime semiaberto por causa de uma licitação irregular na compra de uma escavadeira, em 1999, quando era prefeito interino de Pinhalzinho (SC). Os ministros decidiram ainda pelo início imediato da execução da pena.

Foi o primeiro recurso julgado pelo tribunal contra a prisão em segunda instância após a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no processo do tríplex do Guarujá. O caso de Rodrigues deve servir de referência para a análise de eventuais recursos do petista, que também já pode ser preso.

Rodrigues escolheu o também deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) como seu contraponto na Casa. O atacou várias vezes por suas posições liberais e já o chamou de escória. "Esse deputado que tem origem naquele programa culto, o BBB (Big Brother Brasil). Ele é a escória da política desse país", já disse sobre Wyllys, que conquistou popularidade após participar do programa de tevê.

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O parlamentar agora condenado recebeu o troco do deputado do PSOL, que é homossexual assumido. "Homens decentes não assistem vídeo pornô no meio de uma sessão plenária. Basta saber se esse vídeo era hétero ou homossexual, porque há sempre homossexualidade reprimida e enrustida nessa Casa". Jean Wyllys foi para suas redes sociais na terça-feira se refestelar com a condenação do algoz.

Ex-prefeito de duas cidades catarinenses – Pinhalzinho e Chapecó –, Rodrigues é locutor de futebol. Tem aquela voz de radialista, de tom grave, que reverbera em seus discursos no plenário. Empolgado com o sucesso de Bolsonaro, ele diz que o presidenciável cresceu nas pesquisas sem mídia, sem partido e sem militantes porque está falando a língua do povo.

"Como é que ele tem essa aceitação? Simplesmente faz o que o povo espera que é ter coragem de enfrentar os desmandos e botar rédeas e freios", disse em discurso a favor do presidenciável.

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Apesar do apoio a Bolsonaro, o deputado condenado diz que seu partido, o PSD, já tem candidato próprio à Presidência, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mas Rodrigues imagina o capitão do Exército, e segundo lugar na corrida presidencial, numa chapa encabeça por Meirelles ou Geraldo Alckmin (PSDB, que pode ter o apoio do PSD.

“Bolsonaro pode estar na chapa majoritária, como candidato a vice. Aí, um cuidaria do macro e o outro, Bolsonaro, iria colocar ordem nesse país esculhambado e desmoralizado”, disse Rodrigues num discurso na Câmara no final de 2017.

Viagem e prescrição

O deputado condenado respondeu a algumas perguntas da Gazeta do Povo pelo WhatsApp. Ele está em viagem ao exterior e disse que chegará a Chapecó na próxima sexta-feira (9). Rodrigues afirmou que seu caso já está prescrito e fez referências ao voto do relator de seu caso na Primeira Turma, Luiz Fux, que o absolveu por ter entendido não ter sido apresentado prova de má fé, obtenção de vantagem e nem de lesão a terceiros.   

Nesta quarta-feira (7), o STF expediu o mandado de prisão contra Rodrigues. O advogado Nabor Bulhões, que representa ele, afirmou que isso não poderia acontecer sem a publicação do acórdão  da sentença do STF. E afirmou que irá recorrer no próprio tribunal com novos embargos. 

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