O deputado Wladimir Costa (SD-PA), conhecido por ter feito uma tatuagem no ombro escrito “Temer”, foi um dos parlamentares que foram recebidos no gabinete do presidente Michel Temer “por 20 minutos” no dia seguinte à vitória do peemedebista na votação na Câmara que barrou a denúncia por corrupção passiva. Na saída, Wladimir Costa se contradisse ao afirmar que Temer “vai para o enfrentamento” e também “pacificar a base”.
“Ele está muito entusiasmado, feliz, falou dos projetos do país, das reformas (...) que não vai se intimidar e que vai para o enfrentamento”, afirmou.
Durante a sessão na Câmara, o deputado foi flagrado pedindo “nudes” de uma mulher - uma jornalista, segundo ele - pelo WhatsApp, além de ter protagonizado um dos momentos de confusão na votação ao levar um pixuleco para o plenário. O boneco inflável com a caricatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou esvaziado pela mordida do deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
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Aos 53 anos, no quarto mandato na Câmara, Wlad, nome com o qual se tornou popular como vocalista de banda de tecnobrega e locutor de rádio em Belém, integrava a tropa de choque de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) quando, na última hora, diante da derrota certa, votou pela cassação do mandato do ex-presidente da Casa.
A linguagem coloquial do tempo de camelô e locutor de bancas do mercado Ver-o-Peso, em Belém, impulsionou Wlad a um posto de puxador de votos. Ganhou a primeira eleição com 160 mil votos, só perdendo para o então padrinho político, Jader Barbalho. Após desentendimentos, deixou o PMDB em 2014.
Outsider
Um parlamentar da bancada paraense na Câmara avalia que Wlad construiu uma carreira singular, apostando na figura de “outsider” da política. Composição de músicas em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, festas de aparelhagem e distribuição de churrasquinhos nas favelas de Belém garantiram a popularidade, mas o deputado recorreu às mesmas fontes de financiamento de outros políticos nas eleições.
O frigorífico Mercúrio, da marca Mafripar, do pecuarista e industrial João Bueno, foi seu principal financiador privado. Em 2014, a empresa repassou R$ 170 mil para a campanha do deputado. Procurada, a companhia disse que comentaria ainda nesta semana a ajuda legal ao parlamentar.
Mas por causa de supostos recursos não contabilizados, Wlad teve problemas com a Justiça Eleitoral. Em 2016, o Tribunal Regional Eleitoral cassou seu mandato por caixa 2. Ele recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que ainda não julgou o caso.
Enquanto isso, o deputado coleciona atuações polêmicas na Câmara. Habituado ao discurso antipetista, na votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara, em abril do ano passado, Wlad soltou, na tribuna, uma bomba de confetes usadas em aniversários.
Celular
Na quinta-feira, 3, o deputado tentou justificar a troca de mensagens pelo celular. Na versão de Wlad, a jornalista insistia para que ele tirasse a camisa e exibisse a sua tatuagem em plenário. O parlamentar teria respondido que se ela achava o pedido correto para uma profissional deveria, então, mostrar “o bumbum, as pernas, mostra tudo”.
Após as declarações, já na saída do Planalto, Wlad deixou cair cédulas de dinheiro e brincou com a câmera da reportagem: “Deputado está tão pobre que só cai nota de R$ 50”.
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