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| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Uma conversa em que o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Baleia Rossi (SP), reclama com seus colegas da repercussão negativa da viagem ao exterior de uma comitiva de parlamentares foi captada pela “CBN”. A rádio teve acesso ao diálogo porque ligou para um dos deputados que está na comitiva e ele não desligou o celular após a gravação da entrevista. O aparelho captou o áudio.

Na conversa, Rossi comenta com colegas que foi procurado pela imprensa para falar do assunto. Ele diz que a viagem durará nove dias, mas a Câmara pagará cinco diárias. Estima-se que as diárias da comitiva custarão aos cofres públicos cerca de R$ 90 mil.

“Agora de nove dias nós só estamos recebendo cinco diárias, não é? Eu estou falando que eu estou abrindo mão de quatro diárias. Abrir mão para economizar, para ajudar o país. Falei para uma jornalista: ‘Oh filha, eu estou incomunicável. Depois no final da viagem eu vejo o que eu faço’.”

A assessoria do deputado disse à “CBN” que a Câmara tem custeado só os dias de compromissos oficiais, limitados a cinco diárias, como prevê o regulamento da casa. Não haveria, portanto, nenhum valor a ser devolvido. A assessoria informou ainda que a conversa se deu num ambiente informal, sem qualquer irregularidade.

Em outro ponto do diálogo captado, Rossi se queixa que os deputados ficaram “numa saia justa do cão” depois da divulgação de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), abriu mão das diárias. “Agora o Rodrigo, tem que falar o seguinte – não é que ele está devolvendo, ele não vai receber. Porque esse negócio de devolver... aí coloca a gente numa saia justa do cão.”

A assessoria de Maia informou que ele abrirá mão de suas diárias porque sua hospedagem será bancada pelo países anfitriões.

Dinheiro público

A viagem tem sido duramente criticada por acontecer em um momento crítico da política brasileira e pelo fato de ter sido custeada pelos cofres públicos.

Fazem parte da comitiva, além de Rossi e Maia, os deputados Marcos Montes (PSD-MG), José Rocha (PR-BA), Alexandre Baldy (PODE-GO), Benito Gama (PTB-BA), Cleber Verde (PRB-MA), Heráclito Fortes (PSB-PI), Orlando Silva (PC do B-SP) e Rubens Bueno (PPS-PR).

Os trajetos aéreos estão sendo realizados com um avião da FAB. O valor de uma passagem aérea com o trajeto São Paulo– Tel Aviv–Roma–São Paulo (sem incluir Portugal) teria o custo de R$ 28.500 em classe executiva, de acordo com o site da companhia Air France.

Além do custo aéreo da FAB, o dinheiro público envolvido na viagem inclui diárias para bancar hospedagem, transporte local e alimentação. Ela é de US$ 428 (R$ 1.408) para cada um dos deputados. Devido ao seu cargo, Maia tem direito a um valor maior: US$ 550 (R$ 1.808) – na semana passada, a assessoria de Maia afirmou que ele decidiu abrir mão do recebimento das suas diárias.

Ao todo, cada deputado receberá US$ 2.750 (R$ 8.921). Ou seja, só as diárias, somadas, custarão quase R$ 90 mil aos cofres públicos.

Roteiro

Na Itália, o único compromisso é uma cerimônia no “monumento votivo militar brasileiro”, na quinta-feira (2). O local fica em Pistoia (norte da Itália) e foi feito em substituição ao cemitério onde jaziam os soldados brasileiros que morreram em combate na Segunda Guerra Mundial.

De lá, a comitiva liderada por Maia segue para Lisboa, onde há encontro com diplomatas brasileiros e uma palestra de encerramento do 4.º Seminário Internacional de Direito do Trabalho. O sábado é reservado apenas para “agenda privada” em Lisboa.

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