Conhecido por declarações e opiniões extravagantes - como a defesa do fechamento do Congresso Nacional - o deputado federal e, pelo menos até agora, pré-candidato a presidente da República pelo Patriota, Cabo Daciolo (RJ), subiu nesta quarta-feira (11) na tribuna do plenário para profetizar a cura de uma colega. Daciolo, com a Bíblia nas mãos, anunciou que em minutos a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), deixaria a cadeira de rodas e começaria a andar entre os deputados.
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Gabrilli foi vítima de um acidente de carro em 1994, em São Paulo, que a deixou tetraplégica. Desde então, a parlamentar atua na defesa dos direitos das pessoas com deficiência e, recentemente, foi eleita a primeira representante do Brasil no comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) para Pessoas com Deficiência.
Daciolo iniciou seu discurso afirmando que iria parecer loucura o que diria. Disse preferir a loucura de Deus que a sabedoria dos homens. E que não estava ali para pregar, mas para falar de uma mulher especial, a deputada Gabrilli.
O deputado afirmou que há dois anos Deus pede que intervenha junto à parlamentar, com uma missão.
“Há dois anos Deus me cobra para falar algo para essa deputada. Há dois anos Deus me toca, no meu coração, para me colocar diante dela. Mas me acovardei. Me acovardeis. E Deus fez com que ela aparecesse no corredor. E me disse: fala com ela agora!”
Na sequência, Daciolo pergunta se Gabrilli estava no plenário. E estava, no fundo daquele espaço, onde sempre se posiciona. Ele abriu a Bíblia e afirmou que iria estender a mão para curar e realizar maravilhas por meio de Jesus Cristo.
"Quero, diante de todos, profetizar a cura da deputada Mara. Creio que isso vai acontecer. Peço ao Deus das causas impossíveis que ele possa estender a mão dele e tocar na sua serva. Colocar as mãos sobre os enfermos e eles ficarão curados, diz a Bíblia. Sei que estou diante de descrentes. Vou me dirigir a ela e pedir para orar. Em alguns minutos ela voltará a andar aqui nesse plenário”, afirmou o deputado.
“O Cabo Daciolo é inofensivo”, diz Gabrilli
Antes do discurso de Daciolo, a deputada o encontrou no Salão Verde da Câmara, espaço onde circulam parlamentares, jornalistas e assessores, e o elogiou por ter entre seus funcionários do gabinete um servidor com autismo, uma condição que gera dificuldade de comunicação e de coordenação motora. Foi quando o deputado disse a deputada que iria fazer um discurso a citando.
"Eu falei: 'tudo bem, então'. Mas não imaginava o conteúdo. Ele tinha me dito que há dois anos precisava falar comigo, que recebeu um sinal, que Deus falou com ele. Que sentiu uma coisa muito forte e que eu iria andar. Mas queria falar sobre o funcionário que ele contratou, e falei que achei muito legal da parte dele. Ganhei uma Bíblia dele, mas não esperava aquele discurso" - disse Gabrilli.
"Fiquei com um pouco de vergonha. Não foi por ele, mas qualquer um que fala de mim, fico envergonhada, vermelha. Não vi maldade no que ele fez, não. Sento lá no fundo do plenário até para sair mais rápido. Principalmente quando ouço monte de mentiras, como os discursos de que Lula é inocente. Mas o Cabo Daciolo é inofensivo. Um pouco de Deus no plenário não faz mal" - completou a deputada.
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