Protesto contra a reforma da Previdência em frente ao Congresso Nacional: em 1998, voto a favor da reforma não impediu reeleição de deputados.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Fotos Públicas

A maneira como os deputados se posicionaram na votação da reforma da Previdência do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1998, não impactou de forma direta o desempenho na eleição no mesmo ano. A conclusão faz parte de um estudo divulgado nesta segunda-feira (14) pela consultoria do Senado.

CARREGANDO :)

No momento em que parlamentares da base do presidente Michel Temer argumentam que têm receio de aprovar mudanças nas regras de aposentadoria antes das eleições de 2018, a pesquisa do economista e consultor do Senado Pedro Fernando Nery aponta que “não há evidência no sentido de que o voto a favor da reforma nos meses antecedentes às eleições de 1998 tenha sido uma ‘sentença de morte’” para os deputados.

Naquele ano, a proporção de eleitos foi maior entre os que votaram a favor da reforma do que entre os que votaram contra. O documento menciona que os fatores que tiveram impacto, no sentido de ampliar as chances de vitória dos candidatos, foram os gastos de campanha, a proporção dos recursos de emendas de cada deputado executadas pelo governo e o pertencimento a um partido da base do governo.

Publicidade

Entre os pontos aprovados na reforma de 1998 está a criação de uma idade mínima para o setor público. A imposição de um piso etário para os trabalhadores do setor privado, vinculados ao INSS, foi derrubada. A votação é lembrada até hoje, principalmente porque o governo foi derrotado por apenas um voto – e de um aliado de FHC que se enganou na hora de votar.

Se a idade mínima tivesse passado no Congresso, é possível que o resultado da pesquisa fosse diferente, segundo Nery.

“Se tivesse sido aprovada, a rejeição a quem apoiou a reforma poderia ter sido maior. O fator previdenciário, solução encontrada para a ausência de idade mínima, só veio em 1999, depois das eleições”, disse.

Reforma congelada

A reforma da Previdência do presidente Michel Temer foi enviada ao Congresso Nacional em dezembro do ano passado, mas está com a tramitação parada. O relatório do deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) chegou a ser aprovado na comissão especial em maio, mas a proposta ainda não foi pautada no plenário da casa, devido à crise política e à falta de apoio da base do governo. Após a votação da denúncia de Temer, a equipe do presidente voltou a apostar na aprovação do texto no segundo semestre deste ano.

O próprio relator da proposta afirmou à “Folha de S.Paulo” que o Palácio do Planalto terá que arcar com uma conta “pesada” para atender as exigências que os parlamentares apresentarão em troca de apoio à reforma da Previdência. Por isso, segundo ele, a opção de aprovar uma reforma com muitas alterações “não vale a pena”, visto que não resolveria o problema do crescimento insustentável do rombo previdenciário.

Publicidade