Foi uma situação constrangedora. O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), ligado aos ruralistas, foi o representante da Comissão de Relações Exteriores da Câmara para uma reunião com dirigentes das Nações Unidas e do Itamaraty para tratar de doação humanitária de alimentos do Brasil para refugiados palestinos. Marquezelli é suplente na comissão, mas não havia outro parlamentar para receber o grupo numa sala de reunião da Câmara. Para surpresa geral, ele se manifestou contra esse tipo de ação do governo e afirmou que esse tipo de missão cabe aos Estados Unidos e a outros países ricos, e não ao Brasil, que tem uma tradição nesse tipo de ajuda.
O encontro, fechado, era para pedir o apoio do Congresso Nacional à causa dos refugiados palestinos que vivem em Gaza, na Cisjordânia, no Líbano, na Síria e na Jordânia. Estavam ali, além do deputado, a diretora da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, François Vanni, a diretora do Departamento do Oriente Médio do Itamaraty, embaixadora Lígia Scherer, além de representantes de outros parlamentares da comissão.
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Marquezelli surpreendeu ao se manifestar contrário. A Gazeta do Povo ouviu relatos de vários presentes na reunião, que confirmaram o constrangimento. Procurado pela Gazeta do Povo, o deputado confirmou ser mesmo contra doação de alimentos, disse que isso é papel dos Estados Unidos e de outros países ricos e que “primeiro nós, para depois pensarmos nos outros”.
Para o deputado, o Brasil passa por grandes problemas de falta de alimento. “Sou favorável ao Brasil primeiro. Temos muitos problemas aqui. Uma população muito pobre ainda. Principalmente no Norte e no Nordeste. E também no interior de São Paulo. Primeiro nós, depois os outros.”
Ele não parou aí. “Quem tem que fazer isso são os Estados Unidos, a China, o Japão”. Dois participantes do encontro afirmaram que Marquezelli associou palestinos a terroristas. O deputado negou que tenha feito essa associação.
O Brasil faz doações humanitárias do excedente de seus alimentos. e a maior parte é de arroz. E também de feijão. Nos últimos anos, até 2015, o país doou milhares de toneladas para a população da Faixa de Gaza, da Guatemala, de Cuba e de Argélia, entre outros países.
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