A greve dos caminhoneiros pode impactar a conta de luz, ao atrapalhar a geração de energia limpa pela queima do bagaço de cana de açúcar, a chamada cogeração. Os estoques de diesel dos geradores dessa fonte são de cinco dias em média e se não conseguirem entregar a energia que já está contratada, podem ter de comprar de outras fontes mais caras, com impacto de até 50% no preço, que pode chegar ao bolso do consumidor de eletricidade.
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Segundo a Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), cerca de 7% da energia elétrica do país é gerada pelo processo de cogeração, a partir da queima do bagaço da cana e de outros insumos. São 11 mil MW de potência que podem ficar mais caros ou deixarem de gerar.
O consumo anual de diesel nesse setor é de cerca de R$ 6 bilhões, utilizado nas plantadeiras, colheitadeiras e caminhões que levam o bagaço até as usinas de cogeração. Por ano, a cogeração consome 640 milhões de toneladas de bagaço de cana. A estimativa é que cada tonelada de cana demande de 3 a 3,5 litros de diesel, entre a plantação e a usina.
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“O diesel tendo subido 50% é obvio que tem impacto (no preço da energia). Um dinheiro que a indústria tira do bolso para pagar no posto. No longo prazo, o usineiro vai precificar, via bagaço. De uma maneira indireta, na hora que vai me custando mais caro trazer a cana por conta do diesel, isso vai impactando o preço do açúcar, o preço do etanol e o preço da energia elétrica também”, explicou Newton Duarte, presidente da Cogen, que participou nesta quarta-feira do 15º Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (ENASE), no Rio de Janeiro.
O aumento do preço do combustível para esse segmento da geração de eletricidade é alto. Por consumir cerca de R$ 6 bilhões ao ano com o combustível, uma elevação no preço do litro gera um impacto bilionário nas usinas. Duarte exemplifica que uma elevação de 30% no litro do diesel custa algo em torno de R$ 1,8 bilhão para seus associados, com riscos de repasse ao consumidor da eletricidade via conta de luz.
Uma duração mais longa da greve dos caminheiros, que já está em seu terceiro dia, pode impactar na cadeia da cogeração. Se acabarem os estoques de diesel na cadeia das usinas para atender os contratos, os geradores correm risco de serem obrigados a comprar energia de outras fontes, mais caras e a preços de curto prazo.
“Diesel nunca é muito armazenado. O estoque de diesel numa usina gira em torno de cinco dias. Se não entregarem diesel em cinco dias, a usina tem de parar a colheita. A usina não gera energia, é penalizada e precisa comprar energia para repor a seu contratante ao preço de curto prazo. Ele vendeu a R$ 200 o MW/h e vai comprar agora a R$ 300 o MW/h”, diz Duarte.
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