A presidente Dilma Rousseff (PT) teria avisado os marqueteiros João Santana e Mônica Moura que eles seriam presos na Lava Jato, segundo depoimentos de delação premiada que vieram à público nesta quinta-feira (11). Segundo Mônica, a ex-presidente recebia informações privilegiadas referentes à Lava Jato através do então ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. A presidente chegou a avisar, inclusive, quando já havia mandados de prisão prontos contra Mônica e João Santana.
As informações eram repassadas a Mônica através de dois e-mails secretos criados por Dilma. Mônica conta que em novembro de 2014 estava de férias em Nova York quando recebeu uma mensagem do ex-ministro Edinho Silva dizendo que Dilma precisava falar com ela com urgência. A marqueteira então voltou ao Brasil e foi recepcionada pelo assessor de Dilma, Giles Azevedo, no aeroporto de Brasília.
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Segundo o relato de Mônica, ela e Dilma conversaram caminhando pelo jardim do Palácio da Alvorada – método que era utilizado por Dilma quando precisava conversar sobre assuntos sigilosos. “A presidente estava preocupada que as investigações chegassem à conta da Suíça de Mônica Moura e João Santana no exterior, o que a colocaria em perigo, porque sabia que a Odebrecht tinha realizado o pagamento de suas campanhas através de depósitos de propinas na conta do casal”, diz um trecho da delação, divulgada nesta quinta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Mônica, Dilma teria dito a ela: “Precisamos manter contato frequente de uma forma segura para que eu lhe avise sobre o andamento da operação”. Por isso, foi criado naquele mesmo dia, na biblioteca do Palácio da Alvorada, um e-mail fictício, cuja senha era de conhecimento de Dilma, Mônica e Giles.
Quando tinha informações sobre a operação, Dilma escrevia uma mensagem, mas não enviava. O conteúdo ficava salvo nos rascunhos da conta e Giles mandava uma mensagem com “assuntos completamente irrelevantes” a Mônica, que acessava a conta e lia a mensagem de Dilma. Segundo Mônica, duas contas de e-mail foram criadas com essa sistemática, por sugestão da ex-presidente.
Segundo Mônica, no dia 19 de fevereiro de 2016 foi avisada, através do e-mail, que já havia mandados de prisão assinados contra ela e João Santana. Os dois foram presos no dia 22 de fevereiro, na Operação Acarajé.
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