A ex-presidente Dilma Rousseff está cada vez mais longe de uma disputa eleitoral em 2018. O que não significa distância das eleições. A petista tem conversado com o partido para assumir outro papel no pleito do ano que vem. Candidata a nada, Dilma estaria com mais tempo e liberdade de circular o país e apoiar candidaturas do PT e aliados. Para todos os cargos.
Essas não são as únicas razões da não candidatura de Dilma. Uma eventual derrota, por exemplo, para senadora em Minas Gerais, ou para outro cargo qualquer, significaria desgaste.
“Seria um vexame!”, disse à Gazeta do Povo um ex-ministro dos governos petistas, que pediu anonimato.
A primeira avaliação é que o cenário é bom para ela assegurar uma vaga ao Senado. E Minas Gerais oferece aparente boas condições para uma candidatura de Dilma: é um estado onde o PT tem bom desempenho eleitoral - ela mesmo derrotou Aécio Neves na disputa presidencial, em 2014, por 51,3% a 48,3% -, o partido terá o governador Fernando Pimentel (PT) buscando a reeleição e serão duas vagas para o Senado. Minas está sem nomes fortes para os cargos nos diversos partidos.
Entre as legendas de esquerda, o PCdoB irá lançar a deputada Jô Moraes para o Senado.
“Sim, serei candidata na chapa do Pimentel”, disse a deputada à Gazeta, que lhe perguntou sobre a candidatura de Dilma.
“Me parece que não sairá. Se sair, podemos ser nós duas”, avaliou.
Outro obstáculo que os petistas encontram para convencer a ex-presidente a disputar uma vaga no Senado, ou até mesmo a Câmara, é o pouco apreço de Dilma pelo Congresso Nacional e suas atividades. A petista forjou sua carreira em cargos técnicos e se tornou candidata a presidente, e se elegeu duas vezes, por absoluta falta de nomes no partido. José Dirceu e Antônio Palocci, ex-ministros fortes até terem seus nomes envolvidos em escândalos, acabaram condenados e presos e abriram espaço para Dilma.
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No PT, apesar dos esforços de seus dirigentes, ninguém a enxerga em reuniões de comissões do Senado, ou Câmara, e em votações em plenário ou fazendo discursos. De reconhecido gênio difícil e pavio curto, ela teria problemas de relacionamento com colegas também.
“Seria uma adaptação difícil, mas a política é feita desses sacrifícios também”, disse o ex-ministro petista.
A indefinição de Dilma levou Lula a declarar recentemente que aguarda uma posição dela para começar a trabalhar seu nome. Mas parece que não será preciso. E, se Lula for inviabilizado pela Justiça como candidato em 2018, o PT corre o risco de ter os dois apenas como cabos eleitorais ano que vem.
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