Um dos últimos atos de Leandro Daiello à frente da direção da Polícia Federal (PF) foi garantir a indicação do delegado Josélio Azevedo de Sousa para a recém-criada Coordenação-Geral de Repressão à Corrupção. A área responde por todas as investigações de políticos envolvidos em corrupção e lavagem de dinheiro.
O novo diretor-geral, Fernando Segóvia, chegou a cogitar que a vaga não fosse preenchida por Josélio, conforme interlocutores da PF. Segóvia mudou de ideia após ser aconselhado por assessores mais próximos que uma eventual saída do delegado da área que investiga políticos do PMDB, PSDB e PT fragilizaria ainda mais a imagem de mudança na instituição.
O nome de Josélio ao cargo agora depende apenas de um ato formal do Ministério da Justiça. A análise de precedentes para assumir o cargo foi aprovada pelo Palácio do Planalto no dia 1º de novembro. Na equipe de Josélio devem permanecer os três delegados que relataram inquéritos indicando crimes de corrupção envolvendo políticos importanes do PMDB: Thiago Delabary, Cleyber Lopes e Marlon Cajado.
Delegado há 12 anos na PF, Delabary é autor do relatório de mais de 70 páginas em que afirma haver indícios de que o presidente Michel Temer cometeu crime de corrupção passiva. Já os delegados Marlon Cajado e Cleyber Lopes são os responsáveis por descrever em mais de 400 páginas a investigação que revelou indícios de que Temer tenha recebido vantagens de R$ 31,5 milhões. O presidente nega qualquer tipo de recebimento de enriquecimento ilícito. O relatório da PF serviu para embasar a denúncia do procurador-geral, Rodrigo Janot, contra Temer e que posteriormente foi arquivada por parlamentares na Câmara dos Deputados.
Esse inquérito que cita Temer ficou conhecido como o “quadrilhão do PMDB”, e tem como alvos os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) e os ex-deputados Eduardo Cunha (RJ), Geddel Vieira Lima (BA) e Henrique Alves (RN) – esses três últimos presos devido a diferentes investigações. Todos os citados são do PMDB.
Segóvia anunciou nesta segunda-feira (20) que pretende reforçar a equipe que será comandada pelo policial Josélio. O novo titular da PF deve ampliar o número de delegados que atuam nos inquéritos em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) e que investigam suspeitos com prerrogativa de foro privilegiado, como políticos e magistrados.
“Há uma necessidade hoje de ampliação no número de delegados para que as investigações tenham uma velocidade melhor“, afirmou Segóvia após cerimônia de posse no Ministério da Justiça.
A Polícia Federal confirmou à Gazeta do Povo que permanecem nos cargos os superintendentes de São Paulo, Disney Rosseti; Rio Grande do Sul, Ricardo Saadi; Rio de Janeiro, Jairo Souza da Silva; Brasília, Élzio Vicente da Silva; Bahia, Daniel Justo Madruga e Ceará, Delano Cerqueira Bunn.
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