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Rogério Galloro | José Cruz/Agência Brasil
Rogério Galloro| Foto: José Cruz/Agência Brasil

O diretor da Polícia Federal, Rogério Galloro, relatou neste domingo em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo detalhes das negociações para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula se entregou no dia 7 de abril às autoridades, após passar mais de 48 horas com apoiadores no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. 

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Segundo Galloro, que está no cargo há cinco meses, 30 homens do Comando de Operações Táticas (COT), a tropa de elite da PF, estavam a postos com suas armas para invadir o sindicato. “Chegou o sábado, o Moro [juiz federal Sergio Moro] exigiu que a gente cumprisse logo o mandado.” O delegado também falou sobre a ordem do desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região Rogério Favreto para soltar Lula e a contraordem do juiz Sérgio Moro em 8 de julho, que o manteve detido em Curitiba. 

A entrevista provocou reação do PT. Em nota, a legenda criticou o que qualifica como “abuso de autoridade” e “violência jurídica” e afirmou que as declarações de Galloro são um retrato do sistema atual, que teria como objetivo evitar um novo mandato do ex-presidente, condenado e preso pela Operação Lava Jato. 

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“É um verdadeiro retrato do sistema podre a que estamos submetidos”, diz a nota. “A ilegalidade da prisão de Lula e da revogação do habeas corpus concedido a ele naquele domingo (8 de julho) já haviam sido denunciadas pela comunidade jurídica. Mas é ainda mais escandalosa a desfaçatez de agentes do Judiciário e da Polícia Federal, ao expor em público sua conduta ilegal e as razões políticas que os moveram”, afirma o documento.

Confira trechos da entrevista:

O processo de negociação para a prisão de Lula

“Nós não queríamos atrito, nenhuma falha. Chegou o sábado, Moro exigiu que a gente cumprisse logo o mandado. A missa (improvisada no sindicato) não acabava mais.[...] No sábado, nós fizemos contato com uma empresa de um galpão ao lado, lá tinha 30 homens do COT (Comando de Operações Táticas) prontos para invadir. [...] Quando tem multidão, você não tem controle. Aquele foi o pior momento, porque eu percebi que não tinha outro jeito. A pressão aumentando. Quando deu 17h30, eu liguei para o negociador e disse: ‘Acabou! Se ele não sair em meia hora nós vamos entrar’. E dei a ordem para entrar. Às 18h, ele saiu.”

A permanência de Lula na Superintendência da PF em Curitiba

“Isso não nos agrada. Nunca tivemos preso condenado numa superintendência. É uma situação excepcional. O juiz Moro me ligou, pediu nosso apoio, ele sabe que não temos interesse nisso. Mas, em prol do bom relacionamento, nós cedemos.”

Reação da PF sobre a decisão de soltar Lula

“Diante das divergências, decidimos fazer a nossa interpretação. Concluímos que iríamos cumprir a decisão do plantonista do TRF-4. Falei para o ministro Raul Jungmann (Segurança Pública): ‘Ministro, nós vamos soltar’. Em seguida, a (procuradora-geral da República) Raquel Dodge me ligou e disse que estava protocolando no STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra a soltura. ‘E agora?’ Depois foi o (presidente do TRF-4) Thompson (Flores) quem nos ligou. ‘Eu estou determinando, não soltem’. O telefonema dele veio antes de expirar uma hora. Valeu o telefonema.”

Escolha de um novo diretor da PF pelo futuro presidente

“Tem policial com viés político. E isso é legal. Mas será que um desses, se tornando diretor-geral, é bom para a instituição? A gente teve um exemplo recente que se provou que não é. Se o gestor não tiver legitimidade interna, ele não consegue permanecer. Eu não tenho influência nas investigações.”

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