Preservar a identidade de agentes da Polícia Federal (PF) pode ser uma importante ferramenta para o sucesso das operações, evitando que uma busca e apreensão seja revelada antes da hora prevista. Para Newton Ishii, o “Japonês da Federal”, isso já não é mais possível. O rosto de Ishii ficou famoso e isso virou motivo de brincadeira entre os próprios agentes da PF, que comparam o colega paranaense ao Clark Kent.
Ishii conduziu, na semana passada (18), o ex-deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) no cumprimento do mandado de prisão expedido pelo juiz federal Sérgio Moro, nas fases 43 e 44 da Lava Jato. O agente cobria quase a totalidade do rosto com uma balaclava e óculos de sol e mesmo assim era impossível não reconhecê-lo.
Com a divulgação das primeiras fotos, circularam entre agentes e funcionários da PF piadas sobre a razão de Ishii não poder mais ser escalado para certas missões: ficou conhecido demais e nem em disfarce consegue ficar irreconhecível. Uma foto com agentes da PF usando máscaras do Japonês da Federal circulou em grupos de WhatsApp. A mensagem: É mais fácil estar disfarçado com a cara limpa do Japonês do que com disfarce dos agentes.
“Taí o motivo de o Japonês não ser mais escalado pra missões de prisão e busca e apreensão”, era a legenda de uma outra foto, do agente acompanhando Vacarezza, algemado, no dia 18.
Nas redes sociais e em grupos da PF, circulou um meme (imagem criada para ser compartilhada, com uma piada ou mensagem) que comparava Ishii ao Super-homem, ironizando o disfarce do agente com uma balaclava. Tal qual Clark Kent, Ishii é notado e reconhecido mesmo em seu disfarce. O meme dizia “Aqueles disfarces que preservam a identidade secreta”, mostrando fotos de Kent, que usa apenas um par de óculos como disfarce, e Ishii em sua balaclava e óculos de sol.
Fama mas também controvérsia com prisão
O Japonês da Federal ficou famoso durante as ações da operação Lava Jato, quando aparecia ao lado dos investigados ou presos, conduzindo-os para depoimentos, prisão ou exames no Instituto Médico Legal (IML). Ishii foi transformado em um símbolo da Lava Jato.
Mas em 7 de junho de 2016 o agente foi preso, condenado pelos crimes de corrupção passiva e descaminho pela Justiça Federal. O agente foi condenado na Operação Sucuri, que apurava um esquema formado por agentes da PF e da Receita Federal que facilitava o contrabando de produtos ilegais na fronteira com o Paraguai em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná.
Depois da prisão, Ishii foi retirado dos holofotes. De símbolo do combate à corrupção, foi transformado em um exemplo irônico da corrupção no Brasil. Quem levada os bandidos agora estava indo para a cadeia. A versão da marchinha de carnaval que explicitava o trabalho de Ishii, de buscar os corruptos logo pela manhã, foi alterada. A original, que era "ai meu Deus, me dei mal. Bateu à minha porta, o Japonês da Federal", foi modificada pelos autores, o grupo Os Marcheiros de Campinas, para "ai meu Deus, se deu mal. Foi preso em Curitiba o Japonês da Federal”.
Em setembro de 2016, usando tornozeleira eletrônica e cumprindo prisão no regime semiaberto, o agente voltou a participar de ações.
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