A poucas horas de começar a votação do texto da reforma política na Câmara, as negociações nos bastidores seguem a todo vapor. O relator da matéria, Vicente Cândido (PT-SP), participa de reuniões e tenta um consenso, que já foi mais difícil.
Cresceu nos últimos dias e horas a chance de se aprovar um modelo de votação inédito, chamado de distritão misto. Por ele, seria considerado o voto no candidato mais votado e o na legenda. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), saiu em defesa desse modelo, e deseja o distrital misto, o da lista preordenada, em 2022.
“Com a proposta do presidente Rodrigo Maia, de considerar o voto de legenda, fica mais forte (o distritão misto). Resolveria o impasse de 2018 e depois bola para frente a partir de 2020. O PT tem certa resistência ainda, mas, de repente, não precisa dos votos do PT”, disse o petista Vicente Cândido.
O relator não irá considerar qualquer hipótese de incluir no texto a volta do financiamento privado de empresas. Para ele, não há mais “condições morais”, depois de tanto escândalo, da volta desse tipo custeio de campanhas eleitorais.
“Não tem financiamento empresarial. Conversei com o presidente Eunício (do Senado) e ele disse que lá também não. Com a resistência de se aprovar o fundo público apareceram mais vozes em defesa. Não vejo condições hoje morais de estabelecer o financiamento empresarial. O constrangimento social seria muito grande”, disse Cândido.
O relator afirmou que é preciso correr contra o tempo. Ele acha que os grandes problemas ainda são o teto do fundo público (que está em 0,5% da receita orçamentária) e o modelo de votação. “Mas estamos formando maioria [de apoio] sobre esses pontos. Estamos numa contagem regressiva. Devemos começar a decidir hoje e terminar semana que vem. É uma reforma para ser implementada em dez anos e o saldo será positivo”, disse.
“É preciso ter paciência com a democracia. Teremos eleições que serão experimentos. Espero que o eleitor compreenda isso. E também os próprios candidatos e os dirigentes. Que tenham responsabilidade como dinheiro público. Eu e meu partido defendemos o financiamento público, mas com responsabilidade. O Brasil vive uma crise sem precedente. É preciso termos campanhas baratas e enxutas, em respeito ao eleitor”, afirmou o relator.
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