Não é só parte do Sul do Brasil que quer se separar do restante do país. Movimentos separatistas são bastante comuns em outros lugares do mundo – e, em alguns casos, muito mais agressivos. Mas declarar independência e criar novas nações é algo que vale a pena? Nem sempre e a separação não é garantia de melhoria de vida imediata para aquela população, embora o fator cultural possa justificar a separação.
Neste sábado (7), moradores de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul poderão participar de uma consulta popular – sem nenhum valor legal – para manifestar a sua opinião sobre a independência dos três estados. Relembre quatro casos de países que se separaram e de outros que ainda querem se separar.
A nação mais jovem do mundo
O país mais “jovem” do mundo é o Sudão do Sul, que conquistou a independência ao se desmembrar do Sudão em 2011, após consulta em um referendo. Neste caso, a separação foi a consequência de um acordo de paz, que encerrou décadas de guerra civil, e culminou com uma secessão “amigável”.
A separação ocorreu por diferenças étnicas e religiosas do que era o então único país. A população do Sudão do Sul, cuja maioria é cristã ou animista, se sentia descriminada pelo restante do país, de maioria muçulmana.
Mas a soberania do Sudão do Sul não resolveu muita coisa: ambos os países continuam vivendo na pobreza e a nova nação já está imersa em outra guerra civil. De acordo com o último relatório da ONU, de 2016, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de ambos os países é muito baixo. O Sudão esta no 165º lugar, com IDH de 0,490. O Sudão do Sul aparece na 181º colocação, com IDH de 0,418.
Atualmente, a nação mais jovem do mundo vive uma situação humanitária catastrófica. A própria ONU já alertou que há milhares de pessoas passando fome – e isso pode representar metade da população.
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Dois barris de pólvora na Espanha
O governo da Catalunha realizou um plebiscito, no último domingo (1), pela independência da Espanha: 90% das pessoas que foram às urnas são favoráveis à secessão. Uma das regiões mais ricas e industrializadas da Espanha, a Catalunha se orgulha de possuir uma cultura, linguagem e história distintas – e é por isso que há uma forte onda separatista por lá.
Mesmo com o resultado favorável no plebiscito, a independência da região ainda será alvo de um longo processo. Tecnicamente, o governo catalão pode declarar a independência na segunda-feira (9), mas o Tribunal Constitucional da Espanha, principal corte do país, determinou a suspensão temporária da sessão do Parlamento da Catalunha marcada para este dia. Ou seja: a história ainda está longe de ter um desfecho.
E a Espanha não enfrenta apenas a resistência da Catalunha, que quer ser um novo país. Também há o caso do País Basco, localizado ao norte da Espanha e oeste da França. Desde 1959, a região busca a independência, quando nasceu o grupo separatista ETA – que já foi considerado uma organização terrorista pela União Europeia. Em 2011, o ETA anunciou o fim da luta armada, mas segue em busca da separação.
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Iugoslávia e as separações sem fim
Pense num país que reuniu vários ‘reinos’, com povos de características culturais, língua, hábitos e religião distintos. Essa era a Iugoslávia, formada ao fim da primeira guerra mundial e que se manteve unida após a segunda guerra. A grande república passou pelo socialismo e chegou ao caos econômico na década de 1980 – e uma década depois, começaram as secessões.
A partir da década de 1990, a antiga Iugoslávia virou muitos novos países, como a Croácia e a Eslovênia. Uma parte do território continuou sendo a República Federal da Iugoslávia até 2003, quando virou a nação Sérvia e Montenegro – que só durou mais três anos. Em 2006, os territórios se separaram e viraram dois países distintos: a Sérvia e Montenegro. Mas a secessão não parou por aí.
Depois da separação dos dois territórios, a província autônoma de Kosovo, que estava integrada ao território sérvio, também decidiu se separar após anos de conflitos violentos. O detalhe é que essa independência nunca foi reconhecida pela própria Sérvia. Então, apesar de se considerar um país, o reconhecimento de Kosovo como nação ainda é limitado.
Unido, mas não tão harmônico
O Reino Unido, como já indica o próprio nome, é um país formado pela Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Apesar de desenvolvido economicamente, o bloco não é só harmonia. Basta lembrar do IRA, o exército republicano irlandês, pró-independência e que usava métodos terroristas até 2005, quando encerrou a luta armada. O País de Gales já deu indícios de querer a separação do Reino Unido, mas é a Escócia que está de olho em um plebiscito.
Os escoceses já haviam decidido permanecer no Reino Unido, mas o Brexit, a decisão de deixar a União Europeia, motivou o pedido para realização de um novo plebiscito. O argumento é de que as circunstâncias mudaram com a saída do Reino Unido do bloco europeu e os escoceses teriam o direito de escolher se permanecem no país ou no bloco.