O dono da JBS, Joesley Batista, divulgou nota na noite desta quinta-feira (18) em que pede desculpas e se compromete a “expor, com clareza, a corrupção das estruturas do Estado brasileiro”. O empresário reconhece ter errado. “Concordamos em participar de alguns dos mais incisivos mecanismos de investigação existentes e nos colocamos à disposição da Justiça para expor, com clareza, a corrupção das estruturas do Estado brasileiro”, afirma a nota.
Joesley inicia o comunicado afirmando: “erramos e pedimos desculpa”. “Não honramos nossos valores quando tivemos que interagir, em diversos momentos, com o Poder Público brasileiro. E não nos orgulhamos disso.”
Joesley justifica que “nosso espírito empreendedor e a imensa vontade de realizar, quando deparados com um sistema brasileiro que muitas vezes cria dificuldades para vender facilidades, nos levaram a optar por pagamentos indevidos a agentes públicos”.
O empresário reconhece, em seguida, que ainda que “possamos ter explicações para o que fizemos, não temos justificativas”. “Em outros países fora do Brasil, fomos capazes de expandir nossos negócios sem transgredir valores éticos.”
O dono da JBS afirma também que “o Brasil mudou, e nós mudamos com ele”. “Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um compromisso público de sermos intolerantes e intransigentes com a corrupção”.
Imunidade completa
O acordo fechado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista prevê que os dois executivos não serão sequer denunciados criminalmente pelo Ministério Público Federal, segundo fontes próximas aos executivos. Ou seja, não correm o risco de serem presos, nem de usar tornozeleira eletrônica, como executivos de outras empresas envolvidas na Lava Jato.
Além disso, ficou acertado que eles poderiam continuar no comando de suas empresas. Em contrapartida, além das gravações que Joesley fez com o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves, revelados pelo jornal O Globo, os executivos e a empresa terão de entregar todos os negócios ilegais feitos pela companhia. A multa acertada pelo acordo de leniência foi de R$ 250 milhões. Mas é possível que esses valores possam mudar.
Advogados especialistas no assunto dizem que foi um acordo excelente, se comparado aos fechados recentemente pela Odebrecht. Marcelo Odebrecht terá de cumprir ao todo quase dez anos de prisão, entre cadeia e prisão domiciliar. Relatam, entretanto, que ao tomar a dianteira da delação e fazer uma entrega de provas dessa magnitude, é natural que consigam imunidade.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça americano também costuma dar imunidade para as empresas que se auto-denunciam e entregam todas as provas. Isso deve facilitar o próprio acordo que a JBS terá de fazer com as autoridades americanas, com as quais já está negociando. O grupo tem forte presença no mercado americano, após a compra de empresas como a Swift e a Pilgrims. Quase metade da produção global do grupo hoje fica nos Estados Unidos.
A JBS confirmou que sete executivos da companhia e da sua controladora, a J&F Investimentos, celebraram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal, que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal.
Segundo comunicado divulgado pela JBS, o acordo prevê o pagamento de multa no valor de R$ 225 milhões pelos executivos, além da colaboração com o MPF acerca de todos os fatos levados a conhecimento da autoridade, dentre outras obrigações.
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