A pouco mais de um ano para o primeiro turno da eleição presidencial de 2018, o PMDB governa o país com as maiores bancadas do Congresso Nacional, mas assiste como coadjuvante às movimentações de aliados e adversários para a próxima campanha. É a primeira vez desde a redemocratização que a legenda que comanda o Executivo federal não tem nomes com potencial para disputar um novo mandato no Palácio do Planalto a essa altura do calendário.
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Com o presidente Michel Temer - que tem 3% de aprovação popular, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada na semana passada - acusado na Lava Jato e com alguns de seus principais auxiliares e correligionários investigados ou presos, o partido deverá abrir mão de encabeçar uma chapa.
A prioridade é tentar se “reinventar” para manter o que as lideranças ainda consideram ser um patrimônio: a capilaridade política nos estados. Se antes das denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer o partido acreditava que a melhora da economia poderia cacifar uma eventual reeleição do presidente, agora ninguém mais cogita esse cenário.
“O PMDB não deve ter candidato à Presidência da República em 2018. Temos de refletir sobre o fracasso das candidaturas de (Orestes) Quércia e Ulysses Guimarães. O partido deve apoiar um candidato da base que se comprometa com a agenda reformista”, disse o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), aliado próximo de Temer.
Quando questionado sobre os cenários com os quais o PMDB trabalha para 2018, o presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), apresenta um leque amplo. “No nosso campo, existem vários nomes com condição (de disputar o Palácio do Planalto): Henrique Meirelles, João Doria, Geraldo Alckmin”, disse ele. O primeiro é filiado ao PSD e os dois últimos são do PSDB.
Em conversas reservadas, integrantes da cúpula peemedebista dizem que o partido poderá liderar uma chapa se conseguir levar para a legenda um dos nomes do PSDB cotados para o Planalto: o prefeito de São Paulo, João Doria, ou o senador José Serra (SP), são citados reservadamente. Ambos receberam sinais de que as portas estão abertas para o projeto nacional.
Candidaturas independentes
Fora da mira da Lava Jato, Rede e PSol estão com as portas abertas para candidaturas independentes em 2018. As duas legendas se apresentam como guarida aos movimentos que surgiram no caldeirão do petrolão e no esfarelamento dos partidos políticos, e que têm como principal bandeira a possibilidade de participar das eleições com candidaturas independentes, sem a necessidade de abrigo em qualquer “legenda guarda-chuva”. Mas, enquanto não há previsão legal das chamadas “candidaturas avulsas”, esses grupos procuraram manter sua independência programática dentro de siglas “amigas”.
Os movimentos chamam a estratégia de “candidaturas cívicas”, ou legendas democráticas. A Rede prevê esse tipo de iniciativa em estatuto, desde sua criação e recentemente aprovou um texto que incentiva a ideia. Nos últimos meses, a ex-senadora Marina Silva tem se reunido pessoalmente com alguns grupos para atrair candidatos.
O PSol também se prepara para receber esse tipo de candidatura. O objetivo primeiro é engrossar as bancadas da sigla, mas, além disso, o partido espera sair na frente de outros partidos de esquerda, como o PT, na disputa por atrair as novas formas de organização política.
Entre os grupos políticos recém-criados, o Brasil 21 planeja lançar 36 candidatos - dos quais mais da metade será mulheres. O movimento deve se espalhar pela Rede e PSol. Já o Acredito planeja lançar candidatos em pelo menos oito estados. Os nomes que irão representar o movimento serão definidos em um processo de prévias. Com uma linha de atuação política definida, o Agora! pretende lançar 30 candidatos “viáveis” e ocupar cargos técnicos ou de confiança na máquina pública, com o intuito de reconectar as legendas de esquerda com a sociedade.
Grupos como a Bancada Ativista e Muit@s já tiveram experiências vitoriosas em 2016. Em São Paulo, a Bancada conseguiu eleger a vereadora Sâmia Bomfim (PSol). E em Belo Horizonte, o Muit@s fez a vereadora mais votada, Áurea Carolina (PSol).
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