O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta terça-feira (16) que concorreria à Presidência da República se for escolhido pelo PSDB nas prévias, informa a agência de notícias Bloomberg. Perguntado se aceitaria concorrer ao cargo pelo partido durante uma visita ao prédio da empresa, em Nova York, o prefeito respondeu: “respeitando a democracia, por que não?”.
A declaração de Doria foi, até o momento, a afirmação mais clara do tucano admitindo que está de olho nas eleições do ano que vem. O nome de Doria já aparece em pesquisas de intenção de voto superando seu padrinho político e outro virtual candidato do partido ao cargo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Na entrevista, entretanto, Doria voltou a reforçar a lealdade que tem a Alckmin. O tucano também atacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista já anunciou que está na disputa para ser novamente presidente. “Não há nada a temer no futuro do Brasil”, disse Doria. “Nem mesmo Lula pode assustar o Brasil.”
Doria e Alckmin estão em Nova York nesta semana. Na segunda-feira (15), o prefeito afirmou que o candidato do PSDB para presidente da República será aquele com a melhor posição na opinião pública para vencer o PT e Lula. Já Alckmin marcou posição e reforçou seu interesse em ser candidato. “Estou preparado”, disse.
Nesta terça-feira, o governador procurou afastar os comentários de incômodo com o desempenho e as declarações do afilhado político. “Ninguém vai conseguir (fazer) eu e o João Doria nos distanciarmos”, destacou.
Política é atividade essencial
Durante reunião com investidores, porém, Alckmin afirmou que a política não pode ficar no plano secundário. “Me preocupa, muitas vezes, relegar a política ao plano secundário, porque ela é a atividade essencial. Não adianta a empresa ir bem, se a economia de seu País vai mal. Não adianta você ser o melhor agricultor do mundo da porteira para dentro se da porteira pra fora nada funciona”, disse a uma plateia de empresários e banqueiros no Bank of America Merril Lynch.
Sem criticar abertamente a “onda do gestor”, que tem Doria como maior expoente, Alckmin afirmou que a “pior política é a da omissão”. Em seguida, disse considerar importante a ascensão de novas lideranças e a aproximação do setores público e privado. Durante o roteiro que cumpre em território americano, o governador tenta “vender” parte de seu plano de concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs) a investidores estrangeiros, a exemplo de Doria, que também aposta em um programa de desestatização para viabilizar melhorias na capital.
Na lista estadual de negócios estão mais de 20 projetos em diversas áreas, como rodovias, saneamento e infraestrutura. Na segunda-feira (15), Alckmin anunciou na Bolsa de Valores de Nova York a intenção de capitalização da Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp).
Política proporciona o bem comum
O discurso de Alckmin sobre a importância de se fazer política também foi enfatizada no programa do PSDB, veiculado em rede nacional semana passada com a participação do governador e de outros caciques tucanos, como o senador Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No evento desta terça, Alckmin ainda disse que a política “não é uma tarefa fácil”, mas é ela que, assim como a arte e a ciência, proporciona o bem comum e a preparação necessária para a tomada de decisões, em referência a Aristóteles.
Diante de questionamentos de empresários, o tucano ainda defendeu a reforma política, a consolidação das instituições e a importância do empreendedorismo para o crescimento do País. Mais tarde, o governador participou de jantar em homenagem a Doria, que receberia na noite desta terça o prêmio de “Homem do Ano”, pela Câmara de Comércio Brasil-EUA.
No discurso, repetiu o discurso de que não é político. “Não sou político, sou gestor. Não desrespeito os políticos. Mas São Paulo precisava de um gestor. Capaz de dar um choque de eficiência no poder público municipal.”