O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), participou nesta quinta-feira (3/8) de evento com empresários em Curitiba, sede das investigações em primeira instância da Lava Jato. Tratado como presidenciável por vários participantes do encontro nas rodas de conversa e alvo de tietagem explícita, o tucano chamou a cidade de “capital do Brasil” devido à importância da operação para o futuro da política nacional. “A justiça se faz em Curitiba”, disse.
E, um dia após seu partido ter contribuído para enterrar a denúncia de corrupção contra o presidente Michel Temer (PMDB), Doria preferiu centrar fogo nas críticas ao PT e o ex-presidente Lula, a quem chamou de “Luiz Inácio Mentiroso da Silva”.
“Muito em breve o Luiz Inácio Mentiroso da Silva terá de se mudar para Curitiba”, disse o prefeito em uma ironia à condenação de Lula pelo juiz Sergio Moro no caso do tríplex. “Só não sei se vocês [curitibanos] vão gostar disso.” Em outro momento, Doria disse que o ex-presidente não gosta de trabalhar, mas que ele sim. Afirmou ainda que o PT é responsável pelo desemprego de 14 milhões de brasileiros e por outras “mazelas”. E que é por dizer essas verdades que o PT não gosta dele. “Eu não dou moleza ao PT. Eu sei o mal que eles fizeram.”
Sem descartar candidatura
Doria foi tratado veladamente como candidato a presidente pelo governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), que também discursou no evento. “Espero que no futuro ele [Doria] coloque esse estilo de gestão [implantado em São Paulo] para todo o país”, afirmou Richa. Questionado pela Gazeta do Povo se disputaria a Presidência em 2018 caso seja a melhor alternativa tucana para evitar a volta do PT ao Planalto, Doria respondeu de forma enigmática, mas sem descartar a hipótese: “Ao tempo, o tempo”.
Doria costuma dizer que seu candidato a presidente é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Mas o prefeito paulistano está mais bem posicionado nas pesquisas eleitorais que o governador. Doria também vem adotando um forte discurso anti-PT.
Coxinha desafiado
Nesta quinta, não foi diferente no encontro com cerca de 450 empresários e autoridades paranaenses, realizado na Universidade Positivo. Ele afirmou que decidiu sair de sua “zona de conforto” do mundo empresarial para se lançar candidato a prefeito em 2016 porque se sentiu “desafiado” a enfrentar o mal que o PT fez ao país. Afirmou que “Lula e seus asseclas” o acusavam de ser um “coxinha, um riquinho, um empresário que quer brincar de fazer política”. Mas que venceu no primeiro turno contra três petistas: o então prefeito Fernando Haddad (PT), Luiza Erundina (ex-PT, hoje no PSol) e Marta Suplicy (ex-PT, hoje no PMDB). “Toma, Lula!”, disse.
Embora o discurso parecesse ser de um candidato, Doria fez questão de ressaltar que faz isso para defender o país contra o PT. “Para isso, eu não preciso ser candidato a presidente da República.” Reconheceu, porém, que o fato de ser prefeito de São Paulo dá mais visibilidade ao que ele diz.
Doria também defendeu uma visão empresarial para a política, focada em eficiência da gestão e um Estado mais enxuto. Disse ser a favor das reformas trabalhista, da Previdência, política e tributária. Ao fim do discurso, foi aplaudido com entusiasmo pelos participantes. Assim como na sua entrada, na saída Doria atendeu a vários participantes do encontro para pequenas conversas e para tirar fotos.
E o Temer?
Após seu pronunciamento, Doria falou com a imprensa e foi questionado sobre o arquivamento da denúncia contra Temer por corrupção, na noite da quarta-feira. “A meu ver, nesse momento, [o arquivamento] vai ajudar a serenar a política. E ajuda a fazer foco na economia brasileira”, disse. “O excesso de turbulência política não ajuda o país.” O prefeito ainda afirmou que não cabe a ele fazer um juízo sobre a denúncia contra Temer. “Eu cuido do Executivo, não do Legislativo.”
Doria também disse que o PSDB não está enfraquecido devido a sua divisão interna: embora metade dos deputados votou contra Temer e a outra metade a favor. “O PSDB vai ficar como sempre ficou. O partido tem essa característica: um partido com boas cabeças, bons nomes que nem sempre pensam de forma igual.”
O encontro
O encontro de João Dora com empresários e autoridades paranaenses foi promovido pelo G7 – grupo que reúne as principais entidades empresariais do Paraná: Fecomércio, Faep, Fiep, Fecoopar, Fetranspar, Faciap e ACP. Também teve apoio de outras instituições, como a Universidade Positivo. Além de empresários, participaram vários políticos paranaenses.