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 | Valter Campanato / Agência Brasil
| Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

E se Geddel Vieira Lima decidir abrir a boca? Uma eventual delação do peemedebista é o grande temor do Planalto. Não há dúvida que ele sabe de muita coisa. É, como se diz, da turma da cozinha do presidente Michel Temer. Também participou dos governos Lula, do qual foi ministro da Integração, e de Dilma Rousseff, onde ocupou uma vice-presidência da Caixa Econômica Federal. Foi ministro da Secretaria-Geral do governo Temer por seis meses. Depois caiu, acusado de tráfico de influência.

Nas gestões petistas, Geddel esteve nesses postos na cota do PMDB. E sobre Lula e Dilma já se sabe muita coisa. Para obter algum benefício, acredita-se, será necessário revelar “segredos de alcova” de Temer e seu grupo. Explicar toda a origem dos R$ 51 milhões localizados em malas e caixas num apartamento em Salvador seria um bom começo. Na quinta-feira (14), ele foi denunciado à Justiça no processo do “quadrilhão do PMDB” pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao lado de Temer e outros caciques do partido, acusado de integrar organização criminosa.

Mas quais as chances de Geddel falar? De temperamento mercurial, explosivo e sem papas na língua, ele preocupa o Planalto. A perspectiva de que sua condenação não será leve pode levá-lo a falar. A pergunta é: ele está mais para José Dirceu, que cumpre um silêncio obsequioso e não fala nada sobre as práticas no PT? Ou para Antonio Palocci, que não suportou a prisão depois de um ano e "entregou" Lula? 

"O conheço bem. Não sei se aguentará muito tempo a cadeia em silêncio. Vide o que fez até agora, já chorou duas vezes em depoimentos após a prisão", diz um interlocutor de seu partido, antigo companheiro de bancada na Câmara. Geddel foi cinco vezes deputado federal. 

O discurso para fora, nas entrevistas dos governistas, é de que Geddel não preocupa. Que responda por seus atos. Já foi afastado do PMDB e qualquer ameaça de ter sido abandonado só pioram as coisas. "É lamentável o que ocorreu com o Geddel. Vai ter que se explicar. Claro que o presidente Michel não tem nada a ver com aquela dinheirama", disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara. 

Irmão de Geddel também se complicou

O envolvimento do irmão no caso – o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) – é outro fator que pode acelerar uma decisão de Geddel em falar. Lúcio, até então, fazia uma espécie de anteparo do irmão. Do tipo bonachão, boa-praça e com trânsito no Planalto e no Congresso, o deputado sumiu de cena após a revelação de que tem dedo seu na história. O apartamento onde Geddel guardou o dinheiro em Salvador foi emprestado por Lúcio e foi encontrada uma nota fiscal no local em nome de uma funcionária do parlamentar. 

Lúcio estava na presidência de duas comissões da reforma politica. Em total evidência. É de contato permanente com jornalistas, ainda que, sobre alguns assuntos, só falasse em "off", ou seja, não eram informações para serem publicadas em seu nome, com seu crédito. O caso de Geddel foi para o STF por conta do envolvimento do irmão, que tem foro privilegiado. 

Outra pergunta: mas se as coisas se complicarem para o lado de Lúcio? Dois Vieira Lima enroscados e que sabem muito sobre o Planalto, duplicam as apreensões do Temer e de seu grupo.

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