O ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), 69 anos, se entregou à Polícia Civil nesta quinta-feira (23), para iniciar o cumprimento da pena de 20 anos e 1 mês de prisão por peculato (desvio de dinheiro público) e lavagem de dinheiro. É o primeiro acusado no chamado mensalão tucano a ser preso. A prisão ocorre 20 anos após os fatos que motivaram as acusações e 11 anos após a denúncia.
Azeredo, que teve o mandado de prisão expedido pelo Tribunal de Justiça nesta terça (22), era considerado foragido e policiais passaram o dia em busca do tucano nas ruas de Belo Horizonte. Ele se entregou às 14h50, na 1ª Delegacia Distrital de Belo Horizonte.
Azeredo perdeu todos os recursos na Corte, inclusive os embargos de declaração julgados nesta terça – considerado o último recurso possível antes da prisão. A defesa ainda aguarda decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre pedidos de habeas corpus. O tucano sempre negou que tenha qualquer participação em irregularidades.
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O mensalão tucano é considerado o embrião do esquema de mesmo nome relacionado ao PT e, segundo o Ministério Público, aconteceu durante a fracassada campanha de reeleição de Azeredo ao governo mineiro. Em 2007, a Procuradoria-Geral da República denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 15 pessoas por um esquema de desvio de recursos estatais e empréstimos fictícios que abasteceu a campanha de Azeredo.
Além dele, se tornaram réus o publicitário Marcos Valério, que foi condenado por operar o mensalão petista, e seus sócios, o ex-senador Clésio Andrade, entre outras pessoas. José Afonso Bicalho, então presidente do Bemge (o extinto banco estatal de Minas) e atual secretário da Fazenda do governo de Minas Gerais, comandado por Fernando Pimentel (PT), também é réu. Todos eles negam ter cometido crimes.
Trajetória
Nascido em setembro de 1948 em Sete Lagoas (MG), Azeredo foi vice-prefeito (1989-1990) e prefeito da capital mineira (1990-1992) e se elegeu ao governo em 1995, com o empresário Walfrido dos Mares Guia como vice --que também foi denunciado no esquema do mensalão tucano, mas suas acusações prescreveram.
Na sua campanha à reeleição, quando promotores e procuradores dizem que houve o esquema de desvios, Clésio foi o candidato a vice. A chapa perdeu para o candidato Itamar Franco (MDB). Em 2003, Azeredo tomou posse no Senado, onde ficou até o fim do mandato. Foi presidente nacional do PSDB de janeiro a outubro de 2005, quando o esquema do mensalão tucano foi desvelado e ele deixou o cargo.
Em 2010, foi eleito deputado federal, cargo que renunciou em 2014, ao se tornar réu no STF. Clésio Andrade, então senador, também renunciou. Com a perda do foro especial, o processo voltou à primeira instância, na Justiça estadual de Minas.
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Em Belo Horizonte, passou a prestar consultoria para a Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais) com um salário de R$ 25 mil ao mês.
A primeira condenação de Azeredo veio em dezembro de 2015, quando foi condenado pela juíza da 9ª Vara Criminal Melissa Pinheiro Costa Lage a 20 anos e 10 meses de prisão. Recorreu da decisão, em liberdade. À época, disse que a magistrada “praticamente copiou” a acusação feita pela Procuradoria-Geral da República desde 2007, usando como provas documentos que, segundo ele, são falsificados.
Azeredo afirmou que não era responsável pelas despesas da campanha e que não pode ser responsável por ações de terceiros. “Eu não posso me responsabilizar por atos de setores que tinham autonomia financeira”, afirma.
Também questiona o acúmulo de penas para que a sentença chegasse aos 20 anos de prisão. “Ela multiplicou a pena porque eram várias cotas de patrocínio, só que nenhuma dessas cotas foram assinadas por mim. É isso. É muito simples”, diz.
No último dia 14, Clésio Andrade também foi condenado, em primeira instância, a 5 anos e 7 meses de prisão por lavagem de dinheiro. Sua defesa diz que a condenação é injusta e que irá recorrer.
Outros acusados no mensalão tucano
Renato Caporali Cordeiro, ex-diretor de estatal
Eduardo Pereira Guedes Neto, ex-secretário adjunto de Comunicação
Clésio de Andrade, ex-senador de Minas (PSDB)
Marcos Valério, publicitário
Ramon Hollerbach, sócio
Cristiano Paz, sócio
Walfrido dos Mares Guia, ex-vice-governador de Minas
Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha de Azeredo
Lauro Wilson, ex-diretor de estatal
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