A Polícia Federal (PF) encontrou indícios de que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), recebeu um Porsche Cayenne como propina do dono da Gol Linhas Aéreas, Henrique Constantino. O “presente” teria sido motivado pela compra de medidas provisórias aprovadas no Congresso Nacional que favoreciam a companhia aérea e liberação de recursos pela Caixa Econômica Federal (CEF), segundo os investigadores.
As informações constam no inquérito que deu origem à denúncia do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o “quadrilhão do PMDB na Câmara” e foram divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo. Os repasses foram identificados pela Polícia Federal nas planilhas que controlavam o movimento financeiro do operador Lucio Funaro.
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Segundo Funaro, que firmou um acordo de colaboração premiada com a Lava Jato, os pagamentos identificados pela Polícia Federal “correspondem às operações financeiras utilizadas para o pagamento de propina na compra de medidas provisórias, com textos que beneficiariam as empresas de Henrique Constantino, e na liberação de recursos em operações levadas a efeito junto à Caixa Econômica Federal”.
A PF identificou pagamentos de Constantino a Funaro de cinco maneiras diferentes: pagamentos de notas fiscais emitidas por empresas de Lucio Funaro; pagamentos realizados a terceiros, à ordem de Lucio Funaro; pagamentos realizados diretamente às empresas do ex-deputado Eduardo Cunha; pagamentos de notas fiscais de empresas de Lucio Funaro para compra de um veículo Porsche Cayenne a Eduardo Cunha, com a troca de dinheiro vivo; e pagamentos de doações ao PMDB, em especial a Gabriel Chalita.
No caso de Gabriel Chalita, que concorreu à concorrer à Prefeitura de São Paulo, em 2012, a delação de Funaro aponta que o presidente Michel Temer (PMDB) teria pedido pessoalmente recursos para a campanha eleitoral.
Constantino também negocia um acordo de colaboração premiada com investigadores do Ministério Público Federal. O empresário foi citado em duas operações da Polícia Federal: Sépsis e Cui Bono?, que investigam desvios na Caixa Econômica Federal.
Segundo o inquérito da PF, transformado em denúncia por Janot, Cunha atuava na Câmara para aprovação de leis que beneficiassem as empresas de Constantino. Em troca, recebia propina.
Outro lado
Em nota, o Grupo Comporte, proprietário da Gol, afirmou que “segue colaborando com as autoridades para o total esclarecimento dos fatos. Referente à compra do veículo para Eduardo Cunha, Henrique Constantino afirma que desconhece essa informação”.
Porsche
Não é a primeira vez que um Porsche aparece nas investigações da Lava Jato sob suspeita. No início da operação, por exemplo, a Polícia Federal apreendeu um veículo desse modelo em posse da doleira Nelma Kodama, um dos principais alvos das primeiras fases da Lava Jato. O veículo foi a leilão em março de 2015 e foi arrematado por R$ 206 mil.
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