Uma série de reportagens publicada no final de semana pelo jornal Folha de S. Paulo colocou outro presidenciável no centro de uma polêmica envolvendo imóveis. Segundo a publicação, o deputado federal e pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSC) e seus filhos políticos teriam um patrimônio de R$ 15 milhões em imóveis. A matéria mostra que há transações suspeitas de lavagem de dinheiro e que a família enriqueceu após começar a atuar na política. Mostra também que Bolsonaro e um de seus filhos que também é deputado federal, Eduardo Bolsonaro, recebem auxílio-moradia, apesar de possuírem imóvel em Brasília.
Veja os principais pontos das matérias:
1) Total de R$ 15 milhões em imóveis
Jair Bolsonaro e seus três filhos políticos têm juntos 13 imóveis, avaliados em R$ 15 milhões, segundo a reportagem. Os bens também incluem carros que vão de R$ 45 mil a R$ 105 mil, um jet-ski e aplicações financeiras, em um total de R$ 1,7 milhão, como consta na Justiça Eleitoral e em cartórios.
2) Enriquecimento na política
A reportagem aponta que ao entrar na política, em 1988, Bolsonaro declarava ter apenas um Fiat Panorama, uma moto e dois lotes em Resende. Bolsonaro e os filhos tiveram uma evolução patrimonial acelerada, com as últimas aquisições patrimoniais tendo ocorrido nos últimos dez anos. Em apenas dois anos, Flávio Bolsonaro, que é deputado estadual no Rio de Janeiro, declarou ter dobrado seus bens, chegando a R$ 1,45 milhões, segundo declaração à Justiça Eleitoral.
3) Transações-relâmpago
Segundo a Folha, Flávio Bolsonaro negociou 19 imóveis e fez transações-relâmpago no Rio de Janeiro. Em um prédio comercial, adquiriu sete salas e vendeu 45 dias depois para a MCA Participações, que tem entre os sócios uma firma no Panamá. Em 2012, Flávio comprou dois apartamentos, que os ex-proprietários venderam com prejuízo de ao menos R$ 60 mil. Cerca de um ano depois, Flávio lucrou R$ 813 mil com a venda dos mesmos imóveis, com uma valorização de mais de 260%.
4) Indícios de lavagem de dinheiro
A Folha mostra que as transações envolvendo a compra da casa em que Bolsonaro vive, na Barra, têm indícios de uma operação suspeita de lavagem de dinheiro, segundo os critérios do Coaf e do Conselho Federal dos Corretores de Imóveis (Cofeci). A casa foi adquirida por R$ 580 mil em 2008 e revendida para a família Bolsonaro por 31% a menos quatro meses depois. O valor real dos imóveis da família representa o triplo do que os Bolsonaro declararam à Justiça.
5) Auxílio-moradia
Apesar de possuírem imóvel próprio em Brasília, Bolsonaro e seu filho, Eduardo Bolsonaro, recebem R$ 6,1 mil por mês de auxílio moradia da Câmara dos Deputados, segundo informações levantadas pela Folha. Bolsonaro tem um imóvel na capital federal desde 2000, mas recebe o auxílio ininterruptamente desde 1995. Eduardo, por sua vez, recebe o benefício desde 2015. Os dois embolsaram R$ 730 mil através do benefício até dezembro de 2017.
6) Dinheiro de imposto e ‘sacanagem’
Em 1999, quando estava no terceiro mandato como deputado federal, Bolsonaro concedeu uma entrevista na qual disse que sonegava todo imposto que fosse possível. “Se puder, não pago (imposto) porque o dinheiro vai pro ralo, pra sacanagem. Prego sobrevivência. Se pagar tudo o que o governo pede, você não sobrevive”, disse, na época.
7) Investigação da PGR
Em 2015, a Procuradoria Geral da República recebeu uma denúncia questionando os valores declarados por Bolsonaro na Justiça Eleitoral em relação a seus imóveis. O então procurador geral Rodrigo Janot ouviu a defesa do deputado e arquivou o caso.
8) O que diz a família Bolsonaro
Bolsonaro não respondeu à Folha quando questionado sobre os imóveis. Eduardo, que também é deputado federal, também não se manifestou. Flávio, que é deputado estadual, respondeu apenas que estava em viagem e só retorna ao Rio no dia 17. Já Carlos, vereador do Rio de Janeiro, disse, através da assessoria de imprensa, que seu patrimônio é modesto e igual há anos.
A família usou um blog neste fim de semana e falou em “mais uma mentira da esquerda amendrontada”. A postagem, porém, não faz referência a reportagem da Folha. Os Bolsonaro mostram na página uma imagem de uma casa simples em Angra dos Reis para “desmistificar” que possuem uma “mansão”.
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