Faltando menos de duas semanas para a eleição, a pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira (24)* mostra um segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) cada vez mais consolidado. Enquanto o capitão da reserva estacionou em 28% entre a última pesquisa** e essa, Haddad passou de 19% para 22%, mantendo a tendência de crescimento. Desde o primeiro levantamento***, em agosto, o petista subiu 18 pontos percentuais. Bolsonaro, por sua vez, cresceu 8 pontos desde o mês passado.
Bolsonaro e Haddad estão quase empatados na margem de erro. O capitão da reserva oscila entre 30% e 26%. Já o ex-prefeito de São Paulo tem entre 20% e 24% das intenções de voto. O maior crescimento de Bolsonaro veio logo após o candidato ter sido alvo de uma facada em Juiz de Fora (MG). Na primeira pesquisa depois do atentado, Bolsonaro subiu de 22% para 26% – o crescimento já era esperado por analistas por causa da comoção gerada em torno do ataque.
Mais de 15 dias depois do ataque, os adversários voltaram a centrar fogo no capitão da reserva. Candidatos como Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) subiram o tom contra Bolsonaro na propaganda de rádio e TV, e em atos de campanha pelo país. Além de ser alvo das propagandas de desconstrução dos rivais, Bolsonaro também é alvo de campanhas nas redes sociais.
No Facebook, por exemplo, um grupo de mulheres se uniu para dizer não a Bolsonaro. O ato teve tanta repercussão que manifestações estão agendadas em várias cidades do país no próximo sábado (30) contra a campanha do presidenciável do PSL.
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Para o cientista político da PUC-PR, Mario Sergio Lepre, os ataques dos adversários na TV surtiram efeito. “Ele vinha numa ascensão e perde a continuidade da ascensão. Isso é resultado de campanhas mais estruturadas que a dele”, analisa. Para Lepre, a tendência é que os ataques se intensifiquem na reta final da campanha.
A tendência se mantém para os cenários de segundo turno. Logo após a facada, Bolsonaro, que perdia para Ciro, Marina e Alckmin no segundo turno, passou a empatar com Ciro e Alckmin e até a vencer Marina – no levantamento do dia 18. O Ibope desta segunda-feira já mostra que o capitão da reserva perde para Ciro e Alckmin, como ocorria antes do atentado em Juiz de Fora. Com Marina, Bolsonaro empata nesse levantamento.
Já com relação a Haddad, o capitão da reserva perdia na simulação do início de setembro, passou a empatar nas duas pesquisas após o atentado, e voltou a perder para o petista nessa nova simulação.
Alta do hospital pode alavancar campanha de Bolsonaro
O capitão da reserva está há mais de duas semanas internado, depois de ser esfaqueado no abdômen. A previsão é que ele tenha alta até sexta-feira (28). Mesmo que não volte a fazer campanha na rua por causa de sua recuperação, o fato de Bolsonaro deixar o hospital pode gerar um fato novo e ajudar a alavancar um pouco mais suas intenções de voto.
Haddad é beneficiado por ataques a Bolsonaro e ainda pode roubar votos de Ciro
Ao contrário do que o tucano esperava, os ataques de Alckmin a Bolsonaro beneficiam Haddad. O petista tem conseguido conquistar os votos que seriam de Lula (PT), seu padrinho político que está preso e impedido de concorrer. Com isso, tem se consolidado como provável candidato da esquerda no segundo turno. Segundo Lepre, se não conseguir crescer, Alckmin vai entregar um Bolsonaro debilitado para o enfrentamento com Haddad no segundo turno, o que favorece o petista.
Nos levantamentos anteriores, Bolsonaro empatava com o candidato do PT no segundo turno, mas o Ibope divulgado nessa segunda mostra que o petista venceria se a disputa fosse hoje. Haddad chegaria a 43% e Bolsonaro, 37%.
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Como tem crescido nas pesquisas e aparecido com chances de derrotar Bolsonaro, Haddad pode roubar votos de Ciro Gomes, que tenta se colocar como alternativa da esquerda capaz de derrotar Bolsonaro. “O Ciro tem o voto da esquerda. Quem já esta com Haddad e vê que ele consegue vencer o Bolsonaro no segundo turno, para que votar no Ciro?”, analisa Lepre.
Nesse levantamento, Ciro se manteve estável, com 11% das intenções de voto. Haddad ampliou a diferença para o pedetista para 11 pontos percentuais. Na última pesquisa, essa diferença era de 8 pontos.
Metodologia das pesquisas citadas
* Pesquisa realizada pelo Ibope com 2.506 entrevistados (Brasil) entre 22 e 23 de setembro. Contratada por Rede Globo e O Estado de S. Paulo. Registro no TSE: BR-06630/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.
** Pesquisa realizada pelo Ibope de 16/set a 18/set/2018 com 2.506 entrevistados (Brasil). Contratada por Rede Globo e O Estado de S. Paulo. Registro no TSE: BR-09678/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.
*** Pesquisa realizada pelo Ibope de 17/ago a 19/ago/2018 com 2002 entrevistados (Brasil). Contratada por: Rede Globo. Registro no TSE: BR-01665/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.
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