O país foi tomado por um furacão neste domingo (8) – a quase soltura do ex-presidente Lula – que sacudiu e colocou em alerta o mundo político. Presidenciáveis trataram de se manifestar, claro, condenando a decisão do desembargador federal Rogério Favreto. Lula solto, por um minuto que seja, é um risco às candidaturas deles. Ainda mais na véspera das convenções partidárias, quando serão definidas alianças políticas e para que lado cada um vai.
A jogada do PT neste final de semana pode ter alcançado seu objetivo, por mais sórdida que tenha sido a artimanha: esperar o plantão de um membro do Judiciário com vínculos ardorosos com o partido de Lula. Pouco provável que alguém do mundo político não esteja pensando agora na força que uma eventual candidatura do ex-presidente ganhou com o episódio de domingo.
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Imaginemos o cenário se a Polícia Federal liberasse Lula de sua carceragem: sabendo que a decisão de Favreto seria cassada, no máximo, nesta segunda-feira (9), o PT e seus militantes – daquela vigília, acampamento e milhares de outros petistas – fariam um ato em torno de Lula, nos braços dos militantes ou não – como em São Bernardo do Campo, antes da prisão – e, pronto, estaria alcançada a ribalta. Que durasse meia hora a saída de Lula do cárcere.
As imagens estariam sendo geradas para o mundo todo e o propósito petista, arquitetado em detalhes, seria completamente atingido. Os concorrentes de Lula ficariam doidos e o fato poderia embaralhar o cenário e mostrar que, mesmo Lula não candidato, o "estrago" que pode fazer é muito grande.
Já se disse que o episódio da quase soltura vai servir para engordar o discurso do petista perseguido pela Justiça e de que é vítima de um esquema que une Judiciário e parte da mídia. Como disse Dilma Rousseff, nas suas redes sociais.
"Está evidente, diante do Brasil e do mundo, que Lula vem sendo perseguido pelos juízes que injustamente o condenaram. Está evidente o caráter dessa perseguição pois sequer cumprem uma ordem judicial para libertá-lo. Corrompem a instituição que deviam servir e ferem a democracia", argumentou a ex-presidente.
Jair Bolsonaro, que tem "faturado" nas pesquisas com a ausência de Lula, foi um dos primeiros a se manifestar entre os presidenciáveis. Depois vieram outros. Inimigo figadal do PT, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, que delatou o mensalão mas que anda enrolado com denúncias no Ministério do Trabalho, foi logo para as redes, como todo mundo.
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"O PT aproveitou que a partida estava sendo apitada por um juiz companheiro para fazer um gol de mão. A sorte é que Sergio Moro estava na cabine como árbitro de vídeo e interrompeu a ilegalidade. O PT é mesmo um time de várzea", disse Jefferson.
É cedo para medir consequências políticas outras: se o partido X, Y ou Z irá agora se juntar ao PT porque sentiu a força de Lula; ou, o contrário, irão se afastar dos petistas indignados com a chicana deste final de semana.
Certo é que o burburinho político está feito. A desconfiança é de que o "herdeiro" de Lula a ser escolhido como presidenciável do PT pode faturar. E quase certo também que a jogada do partido – não importa se feita por deputados e não por seus advogados – carimbou de vez em Lula a pecha de ficha suja inelegível.
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