A campanha de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República vive um momento de turbulência. O de maior incômodo até agora, mesmo com ele à frente nas pesquisas, na ausência de Lula no páreo. Sem o vice ainda definido – após três tentativas frustradas –, sem coligação alguma – sequer com outro partido nanico – e desavenças no comando da legenda, Bolsonaro está enfrentando os problemas reais de quem disputa o cargo Executivo mais cobiçado do país.
Isso tudo acontecendo às vésperas do início da campanha eleitoral, a partir da segunda quinzena de agosto. Com pouco tempo de propaganda em rádio e TV – que começa em setembro –, o candidato começa a ter preocupação com os oito segundos que o tamanho de seu partido permite que ele tenha de exibição no horário eleitoral. Bom de redes sociais, o candidato-militar já não tem a mesma audiência nesses meios por causa de restrições impostas pelas plataformas digitais.
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Não era de se imaginar Bolsonaro e seu grupo sendo criticado por seus seguidores em razão de um até despretensioso encontro de líderes da direita da América do Sul e dos Estados Unidos. A Cúpula Conservadora das Américas, que ocorreria nesse final de semana, em Foz do Iguaçu, foi adiada para 8 de dezembro. Seria apenas neste sábado (28), em mesas de debates sobre temas diversos. Mas o cancelamento quase na véspera gerou críticas dos "bolsonaristas". A razão alegada do adiamento foi para evitar problemas com a Justiça Eleitoral.
"Desculpa, irmão! Vocês ainda têm meu voto e admiração.Mas desmarcar um evento dessa magnitude com um tempo tão curto é falta de respeito com quem comprou passagem, reservou hotel, trocou folga no trabalho. Se os candidatos políticos não podem ter problemas com a Justiça Eleitoral, eles que abram mão de suas falas, mas os demais palestrantes deveriam sim falar, e o evento deveria acontecer", postou Vitor Samuel no twitter do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato do PSL. "Muito amadorismo! E quem já organizou excursões. Pagou passagens! Estou com o grupo pronto para partir", afirmou Leomir Lukasinski, na mesma rede social.
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No campo interno, dirigentes do PSL estariam incomodados com a gestão do advogado Gustavo Bebianno na presidência da legenda. Apontado como centralizador, ele estaria concentrando todas as ações e decisões do partido. Bebianno assumiu o controle do partido numa negociação com o deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), apresentado agora como "presidente licenciado" da legenda. Para ter Bolsonaro filiado no seu partido, ele cedeu o comando para Bebianno. Na convenção, o presidente do PSL chamou Bolsonaro de "herói nacional" e afirmou que "de forma hetero, digo que sou apaixonado por ele".
Comando natural
Presidente do PSL em São Paulo, o deputado Major Olimpio, que vai disputar o Senado, diz que não vê problemas no partido, mas acha natural o comando de Bebianno. "É natural que ele tenha força junto ao Bolsonaro. É o presidente do partido. É lógico que seja o mais próximo e o que mais influencia nesse momento. Mas a mim não incomoda. Sei o meu lugar nessa história", disse o parlamentar.
Após a convenção do último domingo, Bolsonaro diz não temer o horário eleitoral curto. “O que importa é o que você tem para vender”, disse.
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