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Adelio Bispo de Oliveira | Divulgação/
Adelio Bispo de Oliveira| Foto: Divulgação/

Após ter esfaqueado o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Adelio Bispo de Oliveira (40) afirmou que a ação tinha motivos pessoais para realizar o atentado. Ele declarou que agrediu o deputado “a mando de Deus”, segundo declarou a oficiais da Polícia Militar.

Em depoimento na delegacia, Oliveira afirmou que saiu de casa com uma faca de uso pessoal escondida para acompanhar a comitiva, já com a ideia de utilizá-la contra o deputado.

Oliveira foi filiado ao PSOL de Uberaba (MG) de 2007 a 2014 e em julho visitou escola de tiro de Santa Catarina frequentada por dois filhos do candidato, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ).

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A assessora da empresa “3.8 Clube e Escola de Tiro” Julia Zanata, que é mulher de um dos donos da empresa, disse que há registro da ida de Bispo em 5 de julho deste ano. Ele chegou a compartilhar no Facebook sua visita ao local.

“Ele [Adélio Bispo de Oliveira] foi uma vez. Toda vez que tu vai, tem um cadastro. Ele só foi uma vez lá, dia 5 de julho. O Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro são associados do clube e frequentadores assíduos. Está todo mundo do clube abalado”, disse Zanata, afirmando que os filhos de Bolsonaro não estavam nesse dia.

“Não sei te dizer quem foi o instrutor do dia. Ele foi provavelmente para praticar tiro, né?”

A “.38 Clube e Escola de Tiro” --o nome é uma referência ao calibre do revólver 38, conhecida como “treisoitão”-- afirma, em seu site, ser “referência no país em treinamento de tiro policial e comba- te urbano”.

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Uma sobrinha de Bispo de Oliveira afirmou à reportagem que o tio mudou seu comportamento nos últimos três anos.

Jussara Ramos disse que ele já havia tido um episódio de surto, falava palavras desconexas e ficava dias preso no quarto.

“Foi um susto pra gente. A gente não entendeu o que aconteceu com ele. Ele mudou muito nos últimos anos, não falava coisa com coisa”, disse, por telefone.

De acordo com a sobrinha, o suspeito de esfaquear o presidenciável era missionário da igreja evangélica.

“Estamos sofrendo represálias nas redes sociais. A gente quer que vocês deem oportunidade para ele falar, pra gente poder entender o que aconteceu com ele”, completou.

Segundo Jussara, o tio não falava muito de política e a família não sabia da filiação ao PSOL. “Ele sempre foi muito discreto na questão política, nunca relatou nada em relação a isso. Ele só falava que ele queria um mundo melhor, é o que todo mundo quer, né?”.

A sobrinha ainda afirmou que Adélio Bispo de Oliveira fala dois idiomas fluentemente, inglês e espanhol.

Visão política

A relação de filiados políticos do Tribunal Superior Eleitoral informa que Bispo de Oliveira integrou os quadros do PSOL --legenda de esquerda criada em 2004 a partir de uma dissidência do PT-- de 2007 a 2014, ano em que pediu desfiliação, de acordo com esses registros.

Em sua página no Facebook, Oliveira tem várias postagens críticas a Bolsonaro, tendo chegado a compará-lo a um asno. Há também fotos contrárias ao presidente Michel Temer, pedindo a sua saída do cargo.

“A aprovação de Bolsonaro é maior entre os menos estudados, ou seja, só analfabetos e semianalfabetos votam em Bolsonaro”, escreveu na rede social em 18 de julho.

Dez dias depois, compartilhou um meme do raio-x de um crânio com fezes dentro, acompanhado da seguinte frase: “RX da cabeça de um fã de Bolsonaro”.

Em uma antiga postagem ele divulgou uma notícia falsa sobre suposta disparada nas pesquisas de Lula e queda de Bolsonaro.

Bispo de Oliveira também compartilhava vários temas críticos à maçonaria. Sua lista de amigos incluem várias pessoas de países de língua árabe.

Na área de identificação do Facebook, aparece a seguinte frase: “Não importa em que partido tu militas, nem a ideologia que acreditas ou a fé que tu praticas. Se você tem prazer no triunfo da Justiça, então somos irmãos”.

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No mês passado, Bispo de Oliveira compartilhou vídeo do ator Alexandre Frota, aliado de Bolsonaro, sendo hostilizado na Câmara municipal de Sorocaba (SP). No vídeo, Frota é chamado de “coxinha”.

Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, afirmou que o partido não deve responder pelo ex-filiado que atacou Jair Bolsonaro. Disse ainda não ter informações sobre quem era o ex-filiado.

“Queremos que ele seja julgado no rigor da lei. Parece que é uma pessoa bem confusa. Se fosse ligado ao PSOL, seria minha responsabilidade. Como não é filiado, não acho que seja da nossa alçada”, disse o dirigente partidário.

Depois, o PSOL divulgou uma nota afirmando ter repudiar a “escalada de violência que tem marcado o cenário político nos últimos anos.”

“O fato de Adelio Bispo de Oliveira ter sido filiado ao PSOL, entre 2007 e 2014, não altera em nada o posicionamento do partido em relação ao inaceitável atentado sofrido por Jair Bolsonaro.”

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