O PSDB está reunido desde o início da manhã deste sábado (09), em Brasília, para realizar sua convenção nacional, em que o governador de São Paulo e pré-candidato às eleições de 2018 pelo partido, Geraldo Alckmin, foi eleito presidente da sigla por 470 votos a 3. Mas o que chamou mesmo a atenção é que o senador Aécio Neves (MG), licenciado da presidência do partido desde que teve seu mandato suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi ovacionado por militantes em sua chegada ao evento.
Embora a decisão do STF tenha sido revertida pelo Senado, Aécio é alvo de diversos inquéritos e já foi denunciado por corrupção e obstrução da Justiça. Esta semana, teve seu sigilos bancário e telefônico quebrados. Nos vídeos, porém, diversos correligionários, enquanto acompanham o senador, gritam “Aécio! Aécio! Aécio!”. Em outro momento, em meio a militantes vestidos com um chapéus azuis gravados com o nome de Aécio, a servidora pública Rosa Alves de Oliveira defende o senador dizendo que “Caixa 2 não é crime”.
O grupo acompanhou Aécio até a porta do auditório. Lá dentro, sem os apoiadores, o senador ouviu vaias e gritos de "fora!". O locutor do encontro tentou contornar a situação. O senador mineiro não foi chamado para sentar à mesa montada no palco da convenção e, na sequência, deixou o evento. Ele ficou no local durante 40 minutos.
Aliados de Aécio se mostraram aliviados com gritos de guerra em sua defesa. "Graças a Deus", disse o deputado Caio Nárcio (MG).
Andre Pagy, delegado do PSDB-MG, o defendeu. "O legado do senador é histórico. Ele tem uma importância enorme para o partido e nós estamos aqui para apoiá-lo. As pessoas têm direito de se manifestar contra, é da democracia."
Os militantes de Minas Gerais reclamaram que Aécio não foi anunciado com destaque e gritaram o nome dele de novo. O deputado Marcus Pestana (MG) foi até eles e explicou que a decisão foi tomada para evitar manifestações contra ele.
Em breve pronunciamento antes de entrar no centro de convenções, Aécio defendeu a reforma da Previdência e exaltou seu período no comando do partido.
"Nesse período dos últimos quatro anos em que administrei como presidente o PSDB foi o mais fértil, de crescimento do partido", disse.
Alckmin ataca Lula em discurso de posse
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi eleito presidente do PSDB neste sábado (9) em convenção do partido em Brasília. Ele ocupará o cargo pelos próximos dois anos.
Apesar do acordo costurado por semanas, o senador Tasso Jereissati (CE) não assumiu o Instituto Teotônio Vilela, braço de formulação política do partido. O ex-senador José Aníbal resiste a deixar o posto.
O primeiro vice-presidente presidente será Marconi Perillo e o segundo, Ricardo Tripoli, aliado de Tasso.
Com a chegada à presidência da sigla, Alckmin começa a erguer sua candidatura presidencial. Em seu discurso na convenção, ele deve fazer ataques duros ao ex-presidente Lula e se apresentar como uma opção de "mudança" em relação a governos recentes do país.
Em seu primeiro discurso no posto, o paulista fez críticas pesadas ao PT e afirmou que Lula, seu possível adversário nas urnas em 2018, quer "voltar à cena do crime".
"Vejam a audácia dessa turma. Depois de ter quebrado o Brasil, Lula quer voltar ao poder", disse. "Será que petistas merecem nova oportunidade? Nós os derrotaremos nas urnas."
O governador também fez a defesa de uma pauta econômica reformista e responsabilizou o PT pela recessão dos últimos anos. "Acreditamos em políticas públicas perenes e não em bravatas de marketing", afirmou.
"Lula será condenado nas urnas pela maior recessão da nossa história. As urnas o condenarão pelos 15 milhões de empregos perdidos, pelas milhares de empresas fechadas, pelos sonhos perdidos."
"O PSDB é um instrumento da modernização do Brasil, o Brasil desburocratizado", continuou.
"Vamos perseguir a inovação de forma obsessiva. O conhecimento e a imaginação criando futuro a passos largos", disse. "Já passou da hora de tirar o peso desse Estado ineficiente das costas dos trabalhadores e empreendedores brasileiros."
Segundo o tucano, é "hora de olhar para a frente com união e esperança renovada".
Como indica seu primeiro discurso à frente da legenda, o paulista pretende mirar o PT para abrir espaço na disputa pelo Planalto, até agora polarizada entre Lula e Jair Bolsonaro (PSC).
Bastidores
O prefeito de São Paulo, João Doria, ficou escanteado entre as maiores autoridades tucanas. Antes de seguirem para o local do evento, os principais nomes da direção do partido se encontraram no lobby de um hotel. Nos cerca de vinte minutos que passaram ali, os líderes do partido se aglutinaram em torno de Geraldo Alckmin.
Na hora de seguirem para o palco do evento, Doria entrou em um dos elevadores, junto a outros correligionários. A porta do elevador ficou aberta, enquanto assessores pediam para Alckmin entrar. O governador aguardou, dizendo que não tinha mais espaço, deixando Doria com um sorriso amarelo.
O governador tentou então seguir pelas escadas. Mas, enquanto seus assessores e outros tucanos decidiam qual caminho seguir, o outro elevador chegou. Alckmin entrou e elevador em que Doria estava foi então liberado para subir.
Provável candidato do partido à presidência da República em 2018, Alckmin pagou cafezinhos para o senadore Tasso Jereissati (CE). No entorno de Alckmin, durante os minutos em que tomou café, estavam o próprio Tasso, o deputado Carlos Sampaio (SP) e o deputado Ricardo Tripoli (SP) e o senador Cássio Cunha Lima (PB). O ministro das Relações Exteriores, senador Aloysio Nunes (SP), até cumprimentou Alckmin, mas partiu rapidamente.
O governador também chamou para essa roda próxima o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (AM), que deve disputar com Alckimin as prévias do partido para a escolha do candidato do PSDB para concorrer à presidência nas eleições de 2018.
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