O senador Aécio Neves (PSDB-MG) prestou depoimento, nesta quinta-feira (26), no âmbito do inquérito que apura se ele recebeu propinas de empreiteiras durante as obras da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. O tucano falou por cerca de três horas na sede da Polícia Federal, em Brasília, e negou ter obtido qualquer tipo de vantagem indevida.
Aécio é investigado em inquérito aberto com base nas delações de executivos da Odebrecht, entre eles Marcelo Odebrecht. Segundo delatores da Odebrecht, o senador teria recebido a propina em uma conta em Cingapura. À PF, o senador pediu que “sejam identificados os beneficiários da conta bancária em Cingapura, mencionada pelo delator, mostrando, assim, não ter ele qualquer relação com a mesma”.
Leia também: Assembleia de Minas abre processo de impeachment contra Fernando Pimentel
Odebrecht relatou em seu acordo de delação premiada que combinou pagamento de R$ 50 milhões ao tucano. Desse total, R$ 30 milhões seriam repassados pela Odebrecht e os outros R$ 20 milhões pela Andrade Gutierrez. As duas empreiteiras integram o consórcio responsável pela construção de Santo Antônio.
Aécio chegou na PF por volta das 15h30 e saiu às 17h05. O advogado Alberto Zacharias Toron, responsável pela defesa do senador, por meio de nota, disse que o empreendimento alvo da investigação era conduzido pelo governo federal e, portanto, como o tucano era da oposição, ‘não há nada que o vincule às investigações em andamento’.
Leia também: R$ 50 mil por mês era a mesada de Aécio, disse Joesley em delação
“Por se tratar de empreendimento conduzido pelo governo federal à época, ao qual o senador e seu partido faziam oposição, não há nada que o vincule às investigações em andamento”, assinalou Toron, em nota. “A defesa reitera que os próprios delatores afirmaram em seus depoimentos que as contribuições feitas às campanhas do PSDB e do senador nunca estiveram associadas a qualquer contrapartida.”
Embora o inquérito sobre o senador tenha origem no acordo de delação de executivos da Odebrecht, o acionista de outra empreiteira – a Andrade Gutierrez –, Sérgio Andrade, confirmou ter repassado R$ 35 milhões ao tucano em depoimento na mesma investigação.
Leia também: A sonhada chapa Alckmin-Meirelles começa a sair do papel. Vai dar certo?
Segundo o empresário, os valores foram repassados por meio de uma empresa de Alexandre Accioly, amigo do senador mineiro. Há cerca de seis meses, o delator Flávio Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia, também relatou que o repasse a Accioly era referente a uma sociedade que nunca existiu de fato.
Na semana passada, os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) receberam denúncia contra o tucano pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça com base na delação premiada do Grupo J&F.
Ex-presidente nacional do PSDB, Aécio se tornou réu pela primeira vez por causa do episódio em que foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista. Além da ação penal, o tucano é alvo de oito inquéritos que tramitam no Supremo – cinco com base na delação da Odebrecht, dois relacionados à colaboração do senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) e outro do acordo da J&F.
Após a decisão da Primeira Turma, o senador disse que terá a oportunidade de ‘provar de forma clara e definitiva a absoluta correção’ de seus atos.
Clima e super-ricos: vitória de Trump seria revés para pautas internacionais de Lula
Nos EUA, parlamentares de direita tentam estreitar laços com Trump
Governo Lula acompanha com atenção a eleição nos EUA; ouça o podcast
Pressionado a cortar gastos, Lula se vê entre desagradar aliados e acalmar mercado