Alckmin foi o responsável pela ascensão de João Doria dentro do PSDB, quando o lançou para prefeito de São Paulo, em 2016.| Foto: Diogo Moreira/a2img/Fotos Públicas

A “lavação de roupa suja” no PSDB atingiu seu ponto mais alto nesta terça-feira (9), durante reunião fechada da executiva nacional do PSDB, em Brasília. O presidente do partido, Geraldo Alckmin, confrontou o ex-prefeito João Doria afirmando que não era um traidor e covarde. “Traidor, eu não sou”, exclamou o ex-governador de São Paulo. “Nem falso”, emendou outro tucano presente.

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A fala de Alckmin se deu após ouvir Doria reivindicar mais ajuda financeira às campanhas dos candidatos a governos estaduais que passaram para o segundo turno e afirmar que, passada a eleição, o PSDB deve fazer uma autoavaliação sobre erros, acertos e equívocos da legenda nesta eleição.

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No contexto dos equívocos citados por Doria, Alckmin ainda afirmou: “o ‘Temerista’ não era eu não, era você”. E disse na sequência: “você, você, você”, numa associação com o governo federal marcado pelo alto grau de impopularidade. Alckmin era contrário ao ingresso do PSDB no governo Michel Temer.

Candidato ao governo de São Paulo, Doria pediu calma a Alckmin durante a reunião, lembrando que estavam presentes dois ex-ministros de Temer, José Serra e Bruno Araújo. “Compreendo a sua situação”, disse o ex-prefeito ao presidente de seu partido e padrinho político. ‘Temos de ter calma e discernimento.”

Queda de braço nos bastidores

Doria estaria em uma ofensiva para tirar Alckmin do comando nacional do PSDB e assumir o controle do partido, aproveitando-se do fato de o ex-governador tucano saiu derrotado da eleição presidencial.

No domingo (7), o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, aliado de Doria, já havia defendido abertamente que Alckmin deixe a presidência do PSDB. Desde então, o grupo do candidato a governador se movimenta para enfraquecer adversários internos.

Na segunda-feira (8), o diretório municipal do PSDB anunciou a expulsão de Saulo de Castro, aliado de Alckmin, e Alberto Goldman, próximo ao senador José Serra. A executiva nacional desautorizou essa movimentação, mas expôs a disputa interna que está em andamento.

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Alckmin foi o responsável pela ascensão de Doria dentro do PSDB. O presidenciável tucano comprou uma briga interna pesada para lançar o então aliado à prefeitura de São Paulo, em 2016.

Após vencer a disputa, Doria passou a flertar com a ideia de concorrer à Presidência. Alckmin se impôs, saiu candidato ao Planalto e ele deixou a prefeitura para disputar o governo do estado. Ao longo da campanha, porém, com o padrinho político passando por dificuldades, o ex-prefeito subiu o tom de seu discurso, aproximando sua fala da de Jair Bolsonaro (PSL).

No domingo, logo após a votação do primeiro turno, quando Alckmin já havia perdido e o PSDB amargava o pior resultado desde sua fundação, Doria declarou apoio a Bolsonaro.