O candidato Geraldo Alckmin (PSDB) deu início nesta segunda-feira (3) a uma operação para modelar a sua imagem, reforçando a preocupação social. Rejeitado por 26% da população, considerado um político frio, o tucano quer mostrar que está atento ao povo e aos mais pobres.
A estratégia é a espinha dorsal da campanha, segundo integrantes do núcleo duro, sintetizada pelo jingle, “Geraldo é cabeça e coração”.
Sempre desfiando números e estatísticas, Alckmin se esforça para construir uma imagem de gestor com responsabilidade fiscal que também é comprometido com a população carente. A avaliação da equipe é que não adianta focar o aprofundamento técnico do plano de governo -que, até agora, resume-se a um documento genérico de 15 páginas.
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Será necessário demonstrar sensibilidade social e, para isso, a campanha planeja anunciar uma medida de impacto e fácil compreensão para cada uma das quatro principais áreas do programa: emprego, segurança, saúde e educação.
Dentro desse roteiro, nesta segunda, na capital paulista, o tucano prometeu subsidiar metade da tarifa de gás de botijão às famílias carentes. O vale-gás, como Alckmin chamou o programa, teria custo estimado em menos de R$ 2 bilhões por ano para beneficiar 8,3 milhões de famílias, já cadastradas na tarifa social de energia elétrica. São aquelas de renda per capta inferior a meio salário mínimo, estão no BPC (benefício de prestação continuada) ou têm membro com doença ou deficiência grave.
O tucano afirmou que os recursos adviriam de “um ajuste fiscal muito forte”, mas não detalhou a fonte. “O que tem de espaço no governo para reduzir gastos é enorme”, declarou.
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Em seguida, o candidato visitou uma unidade do Bom Prato, rede de restaurantes populares lançado em 2001 pelo então governador Mario Covas (PSDB), de quem ele era vice à época. “Temos ainda uma população muito pobre, que precisa do apoio, e a melhor maneira de fazê-lo é garantindo alimentação de qualidade”, disse.
Ele enfatizou que o custo da refeição, de R$ 1, nunca mudou. “Um belo projeto, que deu certo e vale a pena a gente expandir para o Brasil.” Alckmin desistiu de almoçar no Bom Prato, como constava em sua agenda pública. A passagem pela unidade da avenida Rangel Pestana foi abreviada depois de auxiliares detectarem risco de hostilidade.
O candidato entrou no restaurante para gravar imagens, deu uma breve entrevista e caminhou por cinco minutos pela rua. Ouviu algumas provocações sobre a máfia da merenda e recebeu cumprimentos de simpatizantes.
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O tucano se mostrou mais disponível do que de costume, indo até automóveis parados no congestionamento para tirar fotografias e cumprimentar passageiros.
Sua terceira agenda do dia, uma visita ao hospital Santa Marcelina, foi adiada, sem explicações da assessoria.
Na fila do Bom Prato, o recifense desempregado José Ailton da Silva, 51, comentava em voz alta que cogitava votar “no Geraldo, porque no PT não dá mais”. “Cansei de comer mamão no Parque Dom Pedro porque não tinha dinheiro para almoçar. Isso aqui é uma fortaleza, esse R$ 1 aqui.”
O homem à sua frente, sem voz, fazia gestos para negar que Alckmin fosse o criador do Bom Prato.
Segundo o Datafolha, o tucano tem a terceira maior rejeição entre os presidenciáveis, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), de 39%, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 34%, cuja candidatura foi barrada.
Para aliados, o ônus já está precificado. A aposta para dribá-lo vem sendo burilada no posicionamento político da campanha, que reforça a associação entre o impopular presidente Michel Temer (MDB) à antecessora Dilma Rousseff (PT), de quem era vice.
A narrativa é uma resposta ao discurso do PT, que coloca Alckmin como o candidato do governo Temer, baseando-se no apoio do PSDB ao impeachment de Dilma.
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