Maior partido do Brasil – são quase 2,4 milhões de filiados, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –, o MDB vive uma situação que nem seu tamanho tem sido capaz de solucionar: a redução de protagonismo na política ao mesmo tempo em que comanda o país.
Ter o apoio do partido continua importante em muitos casos, como aprovações de propostas no Congresso. Uma orientação contrária da sigla praticamente enterra projetos de lei. Porém, há cerca de dois anos e meio a legenda vem enfrentando resistências internas e externas. E no momento determinante, as eleições, tem dificuldades de se firmar.
Impeachment de Dilma foi o momento da “virada”
A "virada" aconteceu justamente na ocasião que alçou os emedebistas ao poder: o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Parece contraditório. Mas política é negociação e acordos envolvem confiança.
Em 7 de dezembro de 2015, Michel Temer enviou à então presidente Dilma Rousseff uma carta "desabafo" em que reclamava da perda de "protagonismo político" do MDB – à época PMDB – no governo em que ele havia se tornado um "vice decorativo", conforme ele mesmo descreveu.
Foi o primeiro movimento público de Temer em prol do impeachment de Dilma. Nos bastidores, ele já trabalhava para isso há meses e seguiu como um dos principais articuladores no processo.
Temer nunca esteve satisfeito no papel de vice de Dilma, desde o primeiro mandato. Mas a intervenção direta e nada discreta para tirar a petista do cargo foi vista como "traição" dentro e fora do MDB.
Dias antes, em 2 de dezembro daquele ano, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), que vivia as turras com o governo, acatou um pedido de impeachment de Dilma.
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Ademais, outros nomes da sigla foram essenciais em todo o procedimento, que envolveu longas votações na Câmara e no Senado. Caso do atual presidente emedebista, Romero Jucá (RR), e dos ministros Carlos Marun, Eliseu Padilha e Moreira Franco.
Temer assumiu temporariamente a Presidência em maio de 2016, colocou os aliados na Esplanada, alocou afilhados políticos dos partidos que apoiaram sua subida.
Ao longo de todo o processo, o partido, que se destacou, acreditava que cresceria com a máquina na mão. Na época que Temer assumiu definitivamente, em agosto de 2016, emedebistas falavam, inclusive, que não havia chances de o partido não ter candidato próprio em 2018.
Desde que Temer assumiu a Presidência, o MDB encolheu
A eleição chegou e, de 2016 pra cá, o MDB perdeu filiados: 14 deputados deixaram a sigla na última janela partidária, no início deste ano, o que fez a legenda deixar de ser a maior bancada da Câmara.
Viu, ainda, seus maiores nomes envolvidos em casos de corrupção: Temer, Padilha, Moreira, Jucá, Geddel Vieira Lima e seu irmão, Lúcio, Eduardo Cunha, Sérgio Cabral.
Agora, na hora de provar o protagonismo, enfrenta dificuldades de alianças.
Henrique Meirelles é o nome emedebista na disputa à Presidência da República. Mas não tem convencido nem o partido. O senador Romero Jucá é um de seus maiores entusiastas e trabalha nos bastidores para viabilizar o ex-ministro na disputa. Porém, o maior movimento emedebista é de referendar apoio a outra legenda – Geraldo Alckmin (PSDB) seria o caminho considerado mais viável.
A convenção nacional que confirmará a posição do MDB vai acontecer no início de agosto, possivelmente no dia 2. Até lá, muita água pode rolar.
Depois de assumir a Presidência da República, alguns líderes do partido dizem ser "inadmissível" que eles tenham que "mais uma vez se subordinar à outras pessoas", afirmou um dos nomes de mais destaque no MDB.
Meirelles seria o primeiro candidato do MDB em 24 anos. Sua campanha não custaria nada ao partido, já que ele tem custeado tudo do próprio bolso. Mas ainda não passou dos 2% de intenção de voto em nenhuma pesquisa eleitoral realizada até o momento.
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