Uma eventual terceira denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Michel Temer, agora por irregularidades na edição do decreto dos portos, tende a encontrar um cenário menos favorável para o presidente na Câmara. As prisões de amigos próximos de Temer, a proximidade da eleição presidencial e uma certa indisposição dos parlamentares em ter que colocar a cara, ou o voto, novamente a favor de um presidente impopular permitem essa avaliação.
O líder de um importante partido da base, com cargos no governo, e que pediu para não ser identificado, faz essa análise: "prefiro nem acreditar nessa hipótese de uma terceira denúncia. Mas se vier, será um problemão fora de hora. Um incêndio imenso", disse o parlamentar.
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Integrante da base do governo, Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) diz que, nesse momento, a maioria dos deputados pensa e trabalha para sua reeleição. Votar a favor de Temer, dessa vez, será um risco político.
"Não tenho dúvida que o clima eleitoral vai influenciar. Esse governo comete seguidos erros com os partidos e deputados da base aliada. Acho incontrolável essa situação e o presidente Temer não terá vida fácil. E outro fator que pesa, se comparar com as denúncias do ano passado, é a facilidade com que Rodrigo Maia transita hoje na Casa. Tem atuado com muito acerto", diz Sóstenes, deixando claro que os deputados podem votar contra Temer para colocar Rodrigo Maia no seu lugar.
Alguns aliados de Temer são mais prudentes e preferem analisar melhor o quadro em vez de sair em defesa do presidente ou mesmo condená-lo. "É preciso analisar com calma. Prefiro esperar a emitir uma opinião sobre hipótese de chegar essa terceira denúncia", disse a deputada Tereza Cristina (DEM-MS), que votou duas vezes a favor de Temer nas denúncias anteriores da PGR. Ela preside a Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), a bancada ruralista.
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Aliado de Temer, o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) diz que as acusações contra Temer são "requentadas" e que deveriam esperar ele deixar o mandato para acioná-lo na Justiça. "Ele tem apenas mais alguns meses de mandato. Essa denúncia está há uns três ou quatro anos por aí. Coisa velha, requentada. Não podem fazer isso com o país. Se vier, voto contra. Esperem acabar o mandato dele e façam isso depois", disse.
Depois de votar contra Temer nas duas denúncias, a deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) afirma que a possível terceira acusação do Ministério Público contra o presidente será mais contundente.
"Vivemos momentos de angústia com esse governo. Cada hora uma coisa. Essa terceira denúncia terá mais força, parece ter mais indício. E a proximidade da eleição é uma pressão sobre os deputados, que precisam votar sintonizados com seus eleitores", disse a tucana.