A nova fase da campanha de Jair Bolsonaro, do PSL, começa sob o clima de divergência entre seu staff. Desde o atentado que atingiu o candidato, na semana passada, os integrantes desse grupo andam batendo cabeça sobre modo de agir e quem dá as orientações. Até agora, Bolsonaro centralizava as ações da campanha e administrava esses conflitos internos.
Algumas peças estão sendo movidas nesse jogo. Os filhos do candidato que estão sempre próximos do pais - os deputados estadual Flávio e o federal Eduardo - assumiram o papel informal de comandar esse processo. Mas ambos têm suas campanhas nos estados para tocar - no Rio e em São Paulo - e não podem controlar tudo.
Antes mesmo do episódio em Juiz de Fora, o comando do PSL não se afinava. O antigo presidente da legenda, o deputado federal Luciano Bivar (PE), entregou o partido com amplos poderes para o advogado Gustavo Bebianno, braço direito do candidato, mas que está longe de ser uma unanimidade entre os aliados.
A campanha tem ainda seu “núcleo militar”, lado em que estão o candidato a vice-presidente, general Hamilton Mourão, do PSL, e o general Augusto Heleno, que era o preferido por Bolsonaro para compor a chapa.
Heleno reconheceu, em entrevista à Gazeta do Povo, que há sim divergência nos bastidores da campanha. Ele afirmou que é difícil controlar e fazer filtros quando se tem muita gente dando opinião: “Tem gente de todo tipo. Nesse caso do Bolsonaro, tem quem queira vitimizar, quem não queira vitimizar. Lógico que há divergência”.
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Distante de atos de campanha ao lado de Bolsonaro até agora, o general Mourão passou a ter preponderância. Ele vai ocupar alguns espaços físicos e já agendou ações de rua. Nesta semana, vai conceder entrevistas, além de se reunir com aliados, empresários e até promete comparecer numa exposição agropecuária.
Do lado “civil” da campanha aparecem ainda os deputados Ônyx Lorenzoni (DEM-RS) e o Delegado Francischini (PSL-PR), além do senador Magno Malta (PR-ES), que tem adotado atitudes que dividiram o comando bolsonarista.
Quem é quem
Eduardo Bolsonaro - Deputado federal pelo PSL de São Paulo, candidato à reeleição e filho de Bolsonaro. Foi quem articulou, junto com o pai, os apoios no Congresso. Tem o gabinete vizinho e colado ao do presidenciável. Tem um tom mais moderado que o do irmão Flávio.
Flávio Bolsonaro - Deputado estadual pelo PSL no Rio e candidato a senador. Disputa diretamente as vagas ao senado com nomes como Cesar Maia (DEM) e Chico Alencar (PSOL). Após o atentado com o pai, Flávio tomou a dianteira nas declarações à imprensa. Mais incisivo que o irmão Eduardo, chegou a dizer ainda no dia do episódio que Bolsonaro, agora, venceria no primeiro turno. Precisa cuidar de sua candidatura no Rio e pode “desfalcar o time” nas andanças pelo país. Mas ganhou evidente destaque na campanha.
General Hamilton Mourão - Vice na chapa de Bolsonaro, tinha uma agenda separada do cabeça de chapa. Praticamente não cumpriram agendas em conjunto. Estava sempre cada um para o lado. Mourão não era o vice dos sonhos do presidenciável, mas foi o nome possível. Agora, terá papel de correr o país em defesa do candidato, entre outros.
General Augusto Heleno - Era um dos escolhidos por Bolsonaro para ser seu vice. Mas o partido ao qual filiou, o PRP, vetou coligação com o PSL, o que inviabilizou a dobradinha. Ainda que acuse a esquerda de ter participação no episódio de Juiz de Fora, Heleno não gosta de “baixarias”, como divulgação de vídeos gravados em UTI ou imagem do corte cirúrgico.
Gustavo Bebianno - Presidente do PSL, é um dos principais articuladores da campanha. É acusado de monopolizar as decisões e de evitar a aproximação de outros ao “capitão”, como se refere ao presidenciável. Já deu declarações do tipo: “confesso ter um amor hétero pelo Bolsonaro”. Só anda colado no candidato e suas atribuições, agora, são uma incógnita.
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Onyx Lorenzoni - Aliado de Bolsonaro de primeira hora no Congresso, o deputado foi o anfitrião de jantares em apoio ao candidato. É coordenador de campanha, mas também candidato à reeleição. No staff, defende a exploração da comoção em torno do caso.
Magno Malta - O senador do Espírito Santo era o vice desejado por Bolsonaro. Mas o partido do senador, o PR, vetou a dobradinha e Malta não queria trocar uma reeleição quase garantida por uma “aventura” ao lado do amigo. É quem mais “toca fogo” na campanha após o atentado. Com Bolsonaro ainda sob efeito de anestesia, gravou um vídeo na UTI da Santa Casa de Juiz de Fora orando ao lado do presidenciável e até o levando a proferir algumas palavras. Em suas redes sociais é capaz de reproduzir notícias não confirmadas. Seu comportamento incomoda a ala “militar” da campanha.
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