| Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Dois dias depois de criticar publicamente o PT em ato de campanha do partido e cobrar mea culpa da sigla, o ex-governador do Ceará e senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) divulgou um vídeo nesta quarta-feira (17) anunciando que vai votar em Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições 2018.

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As críticas de Cid, que disse que o PT deveria assumir que “fez besteira” e “ter humildade”, chegaram a ser usadas no programa eleitoral de Jair Bolsonaro (PSL) divulgado na terça-feira (16). Com isso, ficou mais afastada a possibilidade de uma frente democrática entre as forças de esquerda no segundo turno.

“Com tudo o que penso e diante de tudo que falei, não é correto o que fez o outro candidato usando imagens minhas editadas sem minha autorização. Que não fique nenhuma dúvida: neste segundo turno, Haddad é o melhor para o Brasil. Votarei no Haddad no dia 28”.

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Na terça-feira, Cid disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que parte do PT “já dava por perdida” a disputa presidencial e estaria “se lixando” para Haddad. “Eles (petistas) querem ser hegemônicos inclusive na oposição. Boa parte da companheirada aí já deu por perdido (o segundo turno) e está pensando em ser hegemônico na oposição. Estão se lixando para o Haddad. São incapazes de um gesto de grandeza, mesmo que isso seja permitir uma oportunidade para o jovem, talentoso, inteligente, preparado que é o Fernando Haddad. Eu acho que isso (gesto de autocrítica) tem que partir de quem está no comando do PT”, afirmou.

Nesse mesmo dia, Cid já havia feito uma postagem nas redes sociais em que tentava acalmar os ânimos após as críticas que havia feito. Ele escreveu que Fernando Haddad é “o menos ruim” e “seria melhor que ele ganhasse” a eleição presidencial. “Comparei os dois nomes que estão no 2º turno. O Haddad é infinitamente melhor que o Bolsonaro”, escreveu o senador eleito pelo Ceará.

Frente democrática já era

Até o momento a campanha de Haddad vive um isolamento no campo ideológico e conquistou adesões protocolares entre siglas de esquerda (PCB, PSB, PSOL) que não estavam coligadas com o PT no primeiro turno. O PDT, principal cobiça, porém, anunciou apenas um “apoio crítico”. O presidenciável derrotado Ciro Gomes viajou para a Europa e não tem participado da campanha petista.

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“Somos muito mais um voto contra ele (Bolsonaro), contra o risco que ele representa à democracia, aos direitos humanos, ao respeito às liberdades individuais do que um apoio ao Haddad”, disse Carlos Lupi, presidente do partido, na semana passada.

Após o primeiro turno, o PT esperava formar o que chegou a ser chamado de “frente democrática” contra Bolsonaro. Ao atrair apoio de outros partidos e de parte da sociedade civil, a campanha buscava criar um caráter suprapartidário para defender a eleição de Haddad.

Não houve avanço também na aproximação do partido com integrantes do PSDB, com quem o PT polarizou a disputa eleitoral nos últimos anos. Em entrevista ao Estado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que não aceitava “coação moral” dos que agora buscam seu apoio.