O candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a publicar uma mensagem em suas redes sociais negando a volta da CPMF, um imposto federal extinto em 2007 que incidia sobre todas as transações financeiras.
É a segunda publicação do candidato negando o retorno do imposto após o jornal Folha de S.Paulo revelar que o economista Paulo Guedes, responsável pelo plano econômico de Bolsonaro, pretende unificar os impostos federais em um tributo único que seria cobrado aos moldes da antiga CPMF. A ideia surpreendeu a equipe de campanha, que desconhecia a proposta, e, desde quando a polêmica veio à tona, o economista tem cancelado eventos com investidores.
“Votei pela revogação da CPMF na Câmara dos Deputados e nunca cogitei sua volta. Nossa equipe econômica sempre descartou qualquer aumento de impostos. Quem espalha isso é mentiroso e irresponsável. Livre mercado e menos impostos é o meu lema na economia!”, disse Bolsonaro em tuíte publicado na manhã desta sexta-feira (21) .
Votei pela revogação da CPMF na Câmara dos Deputados e nunca cogitei sua volta. Nossa equipe econômica sempre descartou qualquer aumento de impostos. Quem espalha isso é mentiroso e irresponsável. Livre mercado e menos impostos é o meu lema na economia!
— Jair Bolsonaro 1ï¸â£7ï¸â£ (@jairbolsonaro) 21 de setembro de 2018
Antes, na quarta-feira (19), quando o assunto veio à tona, Bolsonaro escreveu que não pretendia recriar a CPMF e que as notícias sobre o assunto eram “mal intencionadas”. “Ignorem essas notícias mal intencionadas dizendo que pretendermos recriar a CPMF. Não procede. Querem criar pânico pois estão em pânico com nossa chance de vitória. Ninguém aguenta mais impostos, temos consciência disso. Boa noite a todos!”
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— Jair Bolsonaro 1ï¸â£7ï¸â£ (@jairbolsonaro) 19 de setembro de 2018
Declaração de Paulo Guedes surpreendeu campanha
A declaração de Paulo Guedes surpreendeu o candidato e seus aliados, que desconheciam a ideia e se apressaram para tentar explicar a proposta. O coordenador da campanha do Bolsonaro em São Paulo, o deputado Major Olímpio, disse na quarta-feira (19) que a proposta sugerida por Guedes nunca foi mencionada dentro da campanha. “Eu sou contrário à reedição e o Bolsonaro já disse que também que é. Não teremos aumento de tributação”, afirmou.
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Desde o início da polêmica, Guedes cancelou a participação em eventos importantes para a campanha eleitoral. O economista cancelou sua presença em dois eventos previstos para esta sexta-feira (21). Ele faria uma apresentação do plano econômico de Bolsonaro na Câmara de Comércio Americana (Amcham) durante a manhã. À tarde, iria participar do congresso que está sendo realizado pela Expert XP, ambos em São Paulo.
É o terceiro cancelamento de agenda do economista nesta semana. Na quinta-feira (20), Guedes informou que não iria mais a uma reunião fechada com clientes do Credit Suisse Hedging Griffo (CSHG). O motivo alegado seria “problema em agenda”.
Entenda a polêmica
Guedes disse em encontro com investidores e herdeiros que estuda criar um imposto federal único que incida sobre todas as transações financeiras, de forma semelhante a qual funcionava a CPMF. A ideia seria unificar os tributos federais e da Previdência nesse único imposto. Parte do arrecadado iria para cobrir as despesas com a Previdência.
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A informação foi divulgada primeiro pela Folha e, depois, confirmada pelo próprio economista em entrevista ao Estadão. “O sistema atual é muito complexo, destrói milhões de empregos e impede a criação de postos de trabalho”, afirmou. Guedes ressaltou, porém, que trata-se de aglutinar vários impostos federais em um único imposto. Ainda assim, esse novo tributo único incidiria sobre as movimentações financeiras.
A proposta acabou dando munição para os adversários atacarem Bolsonaro. Geraldo Alckmin (PSDB), por exemplo, chamou a proposta de “atrasada e cruel” e afirmou que Bolsonaro revelou seu “pacote de maldades”.
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