| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Com o acirramento do debate eleitoral em torno da Petrobras e propostas que vão desde a privatização até uma maior interferência estatal, a direção da empresa considerou uma boa alternativa procurar os candidatos para, através dos economistas das campanhas, apresentar o retrato da companhia após quatro anos de Operação Lava Jato.

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Os encontros com os assessores econômicos ainda estão sendo marcados e devem acontecer em setembro, antes que o debate fique ainda mais acalorado. Três dos principais executivos da companhia abriram espaço nas agendas para levar aos presidenciáveis a mensagem de recuperação financeira dos últimos anos. Com eles, vão as mesmas apresentações que costumam mostrar aos investidores - um conjunto de métricas e estatísticas que demonstram onde a Petrobras estava no auge da crise, em 2014, e onde está atualmente.

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O trabalho é coordenado pelo diretor de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão da Petrobras, Nelson Silva. Com ele, nessa empreitada, estão os diretores Financeiro, Rafael Grisolia, e de Assuntos Corporativos, Eberaldo de Almeida Neto. A ideia é mostrar à equipe dos candidatos que a dívida da estatal, que já alcançou R$ 500 bilhões em 2015, hoje está em R$ 284 bilhões, e que ativos foram colocados à venda para que, já no início da próxima década, a empresa tenha capacidade de investimento compatível com a das petroleiras concorrentes.

O movimento da Petrobras ocorre no momento em que os candidatos têm apresentado todo o tipo de proposta em relação à estatal - desde a privatização de atividades relevantes da empresa até a retomada do controle total pela União. Pré-sal e reajuste dos preços dos combustíveis também estão em pauta.

Interferência estatal

O presidente, Ivan Monteiro, tem afirmado, como um mantra, que a gestão da petroleira é independente e não sofre interferências do governo, ao contrário do que aconteceu no passado. Ministros e indicações políticas não têm mais assento no conselho de administração e decisões de investimento, por exemplo, passaram a ser tomadas coletivamente.

Economistas dizem que, de fato, ficou mais difícil para o governo interferir na gestão da Petrobras. “A Operação Lava Jato causou um trauma e deixou o mercado mais vigilante e preocupado com a transparência”, diz Gilberto Braga, professor de Economia e Negócios do Ibmec.

Novos episódios de ingerência política, no entanto, não são totalmente descartados. “A União tem poder majoritário entre os acionistas e um novo presidente da República não teria dificuldade de mudar as regras internas mais uma vez”, diz o cientista político da PUC-Rio, especialista em administração pública, Ricardo Ismael. “Mas houve uma mudança na gestão corporativa e acredito que essa linha de preservação da empresa prossiga no próximo governo.”

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