Na ausência de Jair Bolsonaro (PSL) das ruas, desde o atentado de 6 de setembro, coube ao seu vice, general Hamilton Mourão, até então uma figura na sombra da campanha, assumir o protagonismo da chapa. Mas sua atuação tem sido de desagrado geral do presidenciável e da cúpula do partido.
Cada declaração polêmica que emite resulta em repreensão de Bolsonaro e o general acaba divulgando nota dizendo que não foi bem o que disse ou que sua fala foi tirada de contexto.
Em entrevista à Gazeta do Povo nesta quinta-feira (27), antes de ser repreendido por Bolsonaro sobre a polêmica crítica ao 13º salário, Mourão falou sobre o atentado com o presidenciável e fez uma afirmação que ninguém da campanha havia feito até agora: que o atentado foi positivo do ponto de vista político. Deu mídia e aumentou sua intenção de votos.
"Acho que [o atentado]não foi tão prejudicial como poderia ser, apesar de fruto dessa barbaridade contra ele. A exposição foi grande na imprensa. Acho que, no final das contas, foi mais positivo do que negativo, apesar da tragédia", declarou Mourão.
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As seguidas declarações controversas do candidato a vice levou Bolsonaro a solicitar que ele se contivesse e que evitasse entrevistas. A agenda de Mourão nesta semana, no Rio Grande do Sul, não previa eventos públicos e os encontros dos quais participou eram vedados aos jornalistas. Mas não adiantou.
O conteúdo de suas falas vazou, como a do 13º salário. Mourão chegou agora a ser vetado de participar até mesmo de um debate de candidatos a vice-presidentes, previsto para ocorrer na semana que vem. Sua agenda divulgada nesta sexta veio com o seguinte e constrangedor anúncio:
"Por decisão da coligação, o general Mourão não participará dos debates de vices da última semana antes do processo de votação, no dia 7 de outubro. O entendimento é de que o eleitor tem nos canais oficiais dos partidos – sites e redes sociais – fontes de informação".
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Em nota divulgada no final da tarde desta quinta, Mourão afirmou que sua declaração sobre o 13º foi descontextualizada ou interpretada de forma equivocada.
"A ponderação feita, a partir de uma comparação do Brasil com outros países, não remete a qualquer proposta da coligação quanto à mudança dos benefícios assegurados por lei aos trabalhadores brasileiros. Apenas lembra que é preciso provisionar o pagamento, independentemente de uma ação específica de apoio do governo. E, que ainda assim, os brasileiros, os empresários e o governo arcam com o bônus e o ônus dessa realidade. Espera-se que no Brasil, no futuro, com Jair Bolsonaro presidente, os trabalhadores tenham melhores salários, condizentes com as necessidades", diz a nota divulgada pela assessoria do general.
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