O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a estrela do primeiro programa do PT no horário eleitoral gratuito dos candidatos a presidente, na tarde deste sábado (1º).
O petista teve a candidatura barrada no início da madrugada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Corte impediu que ele seja apresentado como candidato no horário político. Assim, o partido teve de alterar o programa que pretendia exibir e levou ao ar uma espécie de propaganda política “sem candidato”.
Uma propaganda em que só se fala de Lula, e na qual quem fala quase todo o tempo é Fernando Haddad, o provável substituto. Não há pedido explícito de votos para um ou outro, muito embora, no fim, o jingle afirme que “é o Lula, é Haddad, é o povo, é o Brasil feliz de novo”.
O PT dedicou todo o horário – de dois minutos e 23 segundos, o segundo maior dentre os 13 presidenciáveis – para fazer uma defesa do ex-presidente e de seu direito a se candidatar, além de críticas ao que classificou de perseguição política contra ele (o programa, divulgado pelo PT nas redes sociais, está abaixo).
Nada vai nos impedir de defender a vontade do povo, de fazer #OBrasilFelizDeNovo. Assista ao programa da coligação O Povo Feliz de Novo exibido na TV neste sábado (1/9). Vamos trazer o Brasil de @LulaOficial de volta. pic.twitter.com/Ll9yAn2CRl
— PT Brasil (@ptbrasil) 1 de setembro de 2018
“A ONU já decidiu que Lula poderia ser candidato e ser eleito presidente do Brasil. Mesmo assim, a vontade do povo sofreu mais um duro golpe com a cassação da candidatura de Lula pelo TSE. A coligação ‘O povo feliz de novo’ entrará com todos os recursos para garantir o direito de Lula ser candidato. Não vão aprisionar a vontade do povo”, afirma um texto lido logo no início.
Por decisão do TSE, Lula pode aparecer em imagens como apoiador do candidato da coligação, mas durante no máximo 25% do tempo. No programa veiculado na tarde deste sábado, o ex-presidente aparece falando por cerca de 30 segundos, apenas, mas é citado por bem mais tempo que isso, o que pode dar margem a contestações na Justiça Eleitoral.
Em sua fala, gravada há meses, antes da prisão, Lula se coloca na situação de “um inocente que está sendo julgado, para evitar que esse inocente volte a fazer o melhor governo do Brasil”. “Eu sei como é que eu vou passar para a história, sabe? Eu não sei como é que eles vão passar. Não sei se eles vão passar para a história como juízes ou como algozes”, diz o petista, em referência à sua condenação. Ele cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde está desde 7 de abril.
O programa é repleto de imagens de vigílias feitas por apoiadores de Lula nas cercanias da PF. Boa parte da narração fica a cargo de Haddad. “Não podemos tirar do povo o direito que ele tem hoje de escolher o seu presidente. Nós estamos defendendo a soberania popular. Não importa o que façam, nós estaremos nessa marcha”, diz Haddad. “A decisão tá tomada, nós vamos com Lula até o fim porque ele é uma autoridade política no país.”
Geraldo Alckmin
Com o maior tempo de tevê – 5 minutos e 32 segundos, pouco menos da metade do horário eleitoral destinado aos presidenciáveis –, Geraldo Alckmin (PSDB) dividiu seu programa em duas partes. Primeiro, veiculou críticas indiretas ao candidato Jair Bolsonaro (PSL). Depois, se apresentou como médico e ex-governador.
No início, a campanha tucana exibe uma mulher que se diz indignada e “P da vida” mas que decidiu não votar com raiva. “É hora do equilíbrio, do bom senso. É hora de alguém que resolva, usando a cabeça e o coração”, diz. Em seguida, aparece uma inserção divulgada dias atrás, em que uma bala aparece atravessando objetos que representam problemas do país e, no fim, a inscrição “não é na bala que se resolve”.
Só então o programa passa a apresentar o candidato tucano, lembrando que ele foi governador quatro vezes, citando a redução no número de homicídios em São Paulo e realizações na área de saúde. A campanha busca reforçar que ele é “médico e ex-governador” e afirma que Alckmin – ou melhor, Geraldo – é um candidato “cabeça e coração”, “político e médico”, “firme e equilibrado”.
Outros candidatos
Henrique Meirelles (MDB) dedicou seu tempo – 1 minuto e 55 segundos, o terceiro maior – a ressaltar sua carreira como executivo de banco (embora evitando essa palavra e preferindo “empresas”), depois presidente do Banco Central no governo Lula e ministro da Fazenda no governo Temer. Apresentou-se como “aquele cara que os governos chamam para resolver problemas que eles não sabem a solução” e repetindo o mote “chama o Meirelles”.
Assim como a campanha do PT, Alvaro Dias (Podemos) também exibiu imagens das vigílias por Lula em Curitiba, mas para criticar o petista. Depois de se apresentar como alguém que nasceu na roça, filho de uma mãe que “não acreditava em promessa” e de um pai que “fazia acontecer”, diz que aprendeu a ter vergonha na cara.
“Agora... Tem gente visitando a minha cidade para homenagear um político preso. Eu escolhi andar do lado certo”, diz Alvaro, enquanto é exibida uma foto dele ao lado do juiz federal Sergio Moro, que pretende convidar para o Ministério da Justiça. Em seguida, encerra o programa de 40 segundos com seu bordão – “abre o olho”.
Ciro Gomes (PDT), com 38 segundos, destacou sua proposta de limpar o nome dos 63 milhões de brasileiros inscritos em cadastros de devedores. No programa, convida o eleitor a visitar seu site: “Eu tenho pouco tempo de tevê, mas muitas ideias para mudar o Brasil”.
Marina Silva (Rede), que abriu o horário eleitoral, dedicou seu tempo – 21 segundos – para se dirigir às mulheres, maioria do eleitorado. “Eu vou trabalhar todos os dias para que ninguém diga que você não pode. Você pode sim. Essa luta é nossa.”
Os demais candidatos, com menos de 20 segundos cada, usaram o tempo do jeito que deu.
Guilherme Boulos (Psol) foi apresentado pelo ator Wagner Moura como o “candidato a presidente que tem coragem de enfrentar privilégios e propostas para mudar a vida do povo brasileiro”.
“Vamos caminhar juntos em defesa da família e da nossa pátria. Rumo à vitória”, disse Jair Bolsonaro (PSL).
Cabo Daciolo (Patriota) repetiu o de sempre: “Glória a Deus, chega de escravidão, chega de corrupção. Cabo Daciolo, 51. Glória.”
Eymael (DC), dono do mais antigo e conhecido jingle das campanhas a presidente, falou em “governar o Brasil com competência, honra e caráter”.
“Isso é uma farsa! O Brasil precisa é de uma rebelião”, disse Vera (PSTU).
João Goulart Filho (PPL) prometeu “recuperar o desenvolvimento e o orgulho de ser brasileiro”.
E João Amoêdo (Novo) fez uma promessa que agrada a boa parte do eleitorado. Avisou que, se depender dele, esta é a última eleição com programa eleitoral obrigatório.
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