A eleição de um outsider como Jair Bolsonaro (PSL) eleva o risco de falta de coerência ou de atrasos na proposição de medidas de ajuste econômico necessárias no Brasil, segundo a agência de classificação risco S&P Global.
“O candidato do PT não é um outsider, mas Bolsonaro é, o que aumenta o risco de incoerência ou de atrasos em ter as coisas feitas depois das eleições”, disse nesta segunda-feira (1) Joydeep Mukherji, analista de ratings soberanos da S&P Global para a América Latina, em seminário online sobre a região realilzado trimestralmente.
A leitura da S&P é que as taxas de rejeição dos dois candidatos que lideram as pesquisas no Brasil – Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) – são altas por razões diferentes, mas ainda é difícil saber quem irá vencer.
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Segundo Mukherji, o país tem imensos problemas fiscais e sociais e a economia está crescendo muito lentamente neste ano. Para ele, há muito a ser feito na agenda do novo presidente – com destaque para a reforma da Previdência-e isso pode afetar diretamente a nota de crédito do país. “Essa é a nossa preocupação no futuro: o quão rapidamente e efetivamente o novo líder vai lidar com essas questões”, disse.
Hoje, a classificação de risco é BB-, ou três níveis abaixo do grau de investimento, espécie de selo conferido a bons pagadores. A perspectiva é estável. A S&P espera crescimento de 1,4% para o Brasil neste ano. Para o ano que vem, a previsão é de expansão de 2,2%.
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Elijah Oliveros-Rosen, economista-sênior para a região, elencou os principais fatores de risco para a América Latina: alta dos juros americanos e a valorização do dólar – que pioraram as condições financeiras nos últimos meses nestes países.
Ainda assim, a S&P avalia que as condições macroeconômicas para a região permanecem fortes, com o crescimento econômico dos EUA ajudando a economia chinesa o que, por sua vez, manteria os preços das commodities em alta – favorecendo os emergentes.
A guerra comercial entre China e EUA, porém, será o próximo foco de atenção na agenda global.
Investimento
As incertezas vindas das eleições são o principal fator a afetar o investimento privado e as perspectivas de crescimento para as empresas na América Latina.
Quanto ao Brasil, os investimentos em infraestrutura tem se mantido, a despeito da aversão dos investidores diante das eleições. Como exemplo, a S&P ressalta que a Eletrobras tem tido sucesso na venda de suas distribuidoras, o que é atribuído ao marco regulatório favorável e transparente.
Em rodovias, no entanto, novas investigações de corrupção podem elevar os riscos financeiros e impactar negativamente os novos desenvolvimentos para esse setor.
No sistema financeiro, a avaliação é que baixo crescimento econômico e possível alta na taxa básica de juro, a taxa Selic, podem colocar pressão sobre capacidade de pagamento das famílias.
Para a agência, os investidores veem a região como frágil e volátil, o que deve causar eventuais episódios de fuga de capitais. Na região, a situação econômica da Argentina merece destaque.
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