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Vencedor do primeiro turno das eleições presidenciais, Jair Bolsonaro (PSL) foi também o candidato mais votado em 23 das 27 capitais brasileiras. A lista inclui cinco capitais do Nordeste, região dominada por Fernando Haddad (PT), que vai disputar o segundo turno contra o deputado federal.

As únicas capitais onde Bolsonaro não venceu foram São Luís, Teresina e Salvador, onde Haddad liderou com 38%, 44% e 48% dos votos válidos, respectivamente; e Fortaleza, onde Ciro Gomes (PDT) venceu com 40%.

Mesmo tendo sido o mais votado em oito dos nove estados nordestinos, Haddad perdeu para Bolsonaro nas capitais de cinco deles. O capitão reformado liderou em Natal, João Pessoa, Recife, Maceió e Aracaju, cidades onde alcançou de 39% a 52% dos votos válidos. O que garantiu a vitória do petista nesses estados, portanto, foram os votos que conquistou no interior.

No Pará, único estado da Região Norte em que Haddad foi o mais votado, Bolsonaro também levou a capital – recebeu 43% dos votos em Belém.

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Para o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), a vitória de Bolsonaro em capitais nordestinas pode ter a ver com o fato de que essas cidades são menos dependentes do Bolsa Família que as do interior – e, teoricamente, menos inclinadas a votar em candidatos do PT.

Sinal disso é que, mesmo onde Haddad venceu tanto no estado quanto na capital, seu desempenho foi muito melhor no interior. Na Bahia toda, o petista conquistou 60% dos votos válidos, mas em Salvador o porcentual foi de 48%. No estado do Piauí, ele alcançou 63% e, em Teresina, 44%. No Maranhão, a votação foi de 61% no estado todo e de apenas 38% na capital, São Luís.

Fleischer aponta também que a parcela de eleitores mais ricos e instruídos costuma ser maior nas capitais que no interior. E, pelo menos segundo as pesquisas de intenção de voto feitas em todo o país, a preferência por Bolsonaro crescia conforme a escolaridade e o nível de renda dos eleitores.

Homero de Oliveira Costa, professor de Ciências Políticas e Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), também acredita que o perfil dos eleitores dos grandes centros, em comparação aos do interior, pode ajudar a explicar a vitória de Bolsonaro em capitais do Nordeste. Mesmo assim, avalia que não há uma explicação bem acabada para o fenômeno.

“Foi um fenômeno curioso, e que ocorreu a poucos dias das eleições. Não foi observado nas pesquisas. Não parece haver uma explicação racional, e não sei se esse movimento terá continuidade no segundo turno”, avalia. “Foi criado um clima de mudança de voto nas pessoas, que acabaram votando em Bolsonaro por influência, sem convicção, sem saber do que se tratava. Um candidato que mal abriu a boca na campanha eleitoral.”

Exemplo desse comportamento “sem explicação”, segundo ele, são os relatos de pessoas que em seu estado votaram na petista Fátima Bezerra para governadora ao mesmo tempo em que escolheram Bolsonaro para presidente. Ela conquistou 46% dos votos válidos e vai disputar o segundo turno com Carlos Eduardo, do PDT. Na capital, no entanto, ela perdeu para o pedetista.

As maiores e menores votações de Bolsonaro e Haddad nas capitais

Em todo o país, as capitais com os maiores porcentuais de votos para o candidato do PSL foram Rio Branco (69%), Boa Vista (69%), Goiânia (63%), Curitiba (62%) e Campo Grande (60%). As capitais onde ele teve pior desempenho foram Salvador (28%), Teresina (31%), Fortaleza (34%), São Luís (37%) e Aracaju (40%).

As votações mais altas para Haddad foram nas capitais em que ele venceu, já citadas. As mais baixas ocorreram em Curitiba (9%), Rio Branco (11%), Boa Vista (11%), Goiânia (11%) e Brasília (12%).

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