Nestes últimos dias antes do segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL) vai evitar as ruas, mas vai intensificar sua agenda de encontros com empresários e políticos em sua residência, no Rio de Janeiro, que já funciona como uma espécie de gabinete de governo. O presidenciável tem feito reuniões com parlamentares, religiosos e empresários de diversos setores. O clima de "já ganhou" domina e, por isso, grupos de parlamentares, alguns deles não reeleitos, o procuram para anunciar apoio.
Bolsonaro vai continuar sem ir a eventos públicos e não participará de nenhum debate neste segundo turno. Na segunda-feira (22), se recusou a participar do programa Roda Viva, da TV Cultura. Uma equipe da emissora se propôs a ir até sua casa, mas ele decidiu não aceitar a proposta. Sua campanha também enviou uma carta à Rede Globo informando que não participará do debate programado para sexta-feira (26), em virtude da bolsa de colostomia.
LEIA TAMBÉM: Bolsonaro quer criar bloco liberal com países da América do Sul
Mais entrevistas, lives e posts em redes sociais
Desde que retornou para casa, após semanas internado no Hospital Israelita Albert Einstein, o capitão da reserva mantém uma rotina de falar com os jornalistas num determinado horário do dia, em sua casa no Rio de Janeiro. Ao longo desta semana, ele pode intensificar esses gravações.
Ele também continuará a fazer suas transmissões ao vivo, por suas redes sociais. Se vencer, avalia em fazer um pronunciamento via live e não de forma presencial, diante de correligionários, familiares e apoiadores, como normalmente acontecem as falas dos eleitos.
A orientação que repassou a seus aliados para esta reta final é continuar com mobilização intensa nas redes sociais. Bolsonaro decidiu ele mesmo responder aos ataques mais duros que sofrer e também as acusações mais pesadas, como o episódio do vídeo no qual seu filho Eduardo Bolsonaro falou em fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF).
SAIBA MAIS: Em carta, Bolsonaro afirma prestigiar STF e que fala do filho foi ‘emocional’
Transição já começou
A transição com o governo Michel Temer já começou. Ele escolheu o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), apontado como eventual futuro chefe da Casa Civil, para fazer essa ponte e coordenar a equipe de transição. Entre as pessoas com quem o parlamentar tem falado é com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun.
Bolsonaro também fez um aceno para o atual governo ao declarar no último fim de semana que "nem tudo no governo Temer é ruim" e que há políticas dessa gestão que podem ser aproveitadas. Segundo o jornal Folha de São Paulo, o capitão pretende viajar a Brasília para um encontro com o presidente Michel Temer caso seja eleito no próximo domingo (28).
DESEJOS PARA O BRASIL: Um Estado leve e ágil, com gastos que cabem no Orçamento
A ideia é ele se desloque na semana seguinte ao anúncio oficial e participe pessoalmente da negociação da mudança de governo. Ele também deve apresentar seus nomes para o grupo de transição, que deve conter cerca de 50 pessoas.
Pedidos de Temer a Bolsonaro
No encontro, que deve ser promovido no Palácio do Planalto, Temer pretende entregar a Bolsonaro uma espécie de cartilha, explicando as regras do processo e destacando suas realizações. Segundo relatos, o presidente pedirá na reunião que Bolsonaro mantenha as duas iniciativas que considera as marcas de seu governo: o teto de gastos e a reforma trabalhista.
A equipe do candidato já se mostrou favorável a ambas, mas ressaltou que fará alterações pontuais para aperfeiçoá-las, como a criação de autorização legal para que os trabalhadores possam escolher seus sindicatos.
LEIA MAIS: Temer institui força-tarefa de inteligência na reta final de sua gestão
Temer também defenderá a aprovação de uma reforma previdenciária, apesar de já admitir, em conversas reservadas, que não há clima político ou disposição parlamentar para votá-la neste ano.
Deixe sua opinião