Na sua campanha contra a urna eletrônica e a favor do voto impresso, o presidenciável Jair Bolsonaro, do PSL, fez duros ataques ao sistema eleitoral do país nesta quarta-feira (5). O candidato afirmou que, caso ele não vença a eleição já no primeiro turno, é porque não houve “lisura” no pleito. O deputado também afirmou que, qualquer que seja o vencedor, mesmo ele, o processo está sob suspeita.
“Se o voto for impresso, sei que o Supremo [Supremo Tribunal Federal, STF] derrubou isso, mas, se tivermos como comprovar a lisura das eleições, a gente ganha no primeiro turno”, disse Bolsonaro em entrevista concedida após uma carreata em Ceilândia e Taguatinga, duas cidades-satélites do Distrito Federal.
Bolsonaro negou que esteja sentando na cadeira de presidente antes da hora. Em sua obsessão pelo voto impresso, chegou a dizer que o sistema da urna eletrônica estará sob suspeita qualquer que seja o vencedor da corrida ao Palácio do Planalto – mesmo que seja ele próprio. O candidato acusou o PT de ter vencido eleições até hoje por conta dessas urnas.
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“Qualquer um que ganhar vai estar sob suspeita. Nenhum país do mundo adota esse modelo. O PT descobriu que a chave do sucesso é a urna eletrônica. A Dilma vetou o voto impresso, mas derrubamos no Congresso. Aí veio o STF, após parecer da Raquel Dodge [procuradora-geral da República] e derrubou”, disse o capitão da reserva.
Na terça (4), outro candidato a presidente questionou a lisura do processo eleitoral. Em transmissão ao vivo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cabo Daciolo (Patriota) disse que as urnas eletrônicas são fraudulentas e que somente o voto impresso é capaz de torná-las justas.
O voto impresso foi aprovado pelo Congresso em 2015, em uma minirreforma eleitoral. Mas, em 6 de junho deste ano, o STF suspendeu a exigência, atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), para quem a impressão do voto tem potencial de identificar o eleitor, violando o sigilo do voto.
Policiais presos trabalhavam na campanha do filho
Jair Bolsonaro comentou ainda o fato de dois policiais militares presos no Rio de Janeiro na operação Quarto Elemento, acusados de extorsão, trabalharem na campanha de um de seu filho Flávio Bolsonaro, que disputa o Senado.
“Vou dizer uma coisa: 99% dos PMs do Rio já votaram nele ou trabalharam voluntariamente para ele. Como sei que tem gente da imprensa aqui que já votou em mim. Não podemos nos responsabilizar por atos de terceiros. Se errou, vai pagar a conta. Esses policiais, com certeza, votaram em mim também”, disse o presidenciável.
No fim da carreata, Bolsonaro fez um rápido discurso em cima de um caminhão de som. Ele participou de uma oração e anunciou que, apesar de torcedor do Palmeiras, estará no Maracaná no sábado torcendo “para o nosso Mengão”.