No ato de sua filiação ao PSL, o presidenciável Jair Bolsonaro apresentou parte de seus planos de governo, como uma espécie de fusão dos incompatíveis ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, anunciou três de seus ministeriáveis – entre os quais o astronauta Marcos Pontes – e reconheceu não entender nada de economia, crítica que vem sofrendo de setores empresariais. O parlamentar afirmou também que, ano que vem, o Congresso terá não uma bancada da bala, mas uma “bancada da metralhadora”, se referindo ao número de policiais que, acredita, se elegerão deputados nas eleições deste ano.
“Mesmo sem conhecer economia. E reconheço. E é melhor reconhecer do que fazer e fazer besteira. E dei uma palestra nos Estados Unidos um dia desse que quem estava na plateia era a Zélia Cardoso de Mello (ex-ministra da Fazenda de Fernando Collor)”, afirmou Bolsonaro, para cerca de 250 apoiadores.
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Vários deputados acompanharam o ato, mas nem todos irão acompanhar Bolsonaro no novo partido. “Alguns deles vão ficar nos seus partidos para garantir tempo de rádio e TV. Nós praticamente não teremos”, disse o presidenciável, antes do ato, à Gazeta do Povo.
Bolsonaro pretende, foi o que disse, apresentar todo seu ministério no primeiro dia de campanha eleitoral. Disse que serão 15 os ministérios – uma redução pela metade. E indicou que três nomes já estão escolhidos: o economista Paulo Guedes para a área econômica; o general da reserva Augusto Heleno para o Ministério da Defesa, ou “o oficial quatro estrelas que ele escolher”; e o tenente-coronel da FAB e único astronauta brasileiro Marcos Pontes para a Ciência e Tecnologia.
“O tenente Marcos Pontes me procurou hoje. Ele tem sonhos”, disse o presidenciável, que voltou a defender armas para todos. “Esses crimes de feminicídio não se resolvem com o papel [a lei que prevê sua criminalização], mas com a mulher tirando uma pistola da sua bolsa”, disse.
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O presidenciável voltou a escorregar ao falar de homossexuais – é acusado por seus opositores de posturas homofóbicas. E disparou: “Me acusam de homofóbico. Duvido quem aqui não tenha um parente ou um amigo homossexual. Não tenho nada contra. Não é normal, mas respeitamos. O que vocês acham que uma mãe prefere? Um filho chegar em casa com um braço quebrado porque estava jogando futebol ou [ter quebrado o braço] porque estava brincando de boneca por influência da escola? Quer ir à Parada Gay? Esteja à vontade. Quer morar com outro do mesmo sexo? À vontade. E seja feliz”, afirmou, aplaudido por cerca de 250 apoiadores de sua candidatura, que estavam com bandeiras do Brasil e camisetas com foto de Bolsonaro.
Magno malta
Citado como possível vice na chapa de Bolsonaro, o senador Magno Malta (PR-ES) tentou roubar a cena do protagonista. Fez um discurso inflamado e longo. E se insinuou ao cargo.
“Sou candidato à reeleição ao Senado. O Bolsonaro nunca me procurou para ser vice dele e nunca o procurei. A minha vida está na mão de Deus. Vocês que ficam escrevendo e lendo que serei vice dele. Ele vai ser presidente comigo ou sem migo (sic) na chapa”, disse Malta. Bolsonaro, em alguns momentos e dada suas caras e bocas, parecia não estar muito feliz com o que ouvia.