O candidato a presidente Jair Bolsonaro iniciou uma ofensiva de busca por apoio entre o PIB brasileiro em café da manhã conduzido de forma quase secreta com 62 empresários paulistas, na sexta-feira (10).
No evento, cogitou nomear o ex-controlador da Riachuelo, Flávio Rocha, para ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. “Por que não?”, afirmou, para ser aplaudido pelos presentes.
O empresário estava sentado ao seu lado, envergando uma camisa cinza e um terno escuro, e sorriu bastante -mas não declarou voto no deputado.
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Ele foi pré-candidato a presidente pelo PRB e conta com o apoio do MBL (Movimento Brasil Livre), rede de direita com forte presença na internet. Acabou rifado pelo partido, que optou por Geraldo Alckmin (PSDB) na corrida presidencial.
Rocha foi convidado para o café pelo controlador da construtora Tecnisa, Meyer Nigri, que é apoiador de primeira hora de Bolsonaro.
O deputado do PSL-RJ discursou por 55 minutos a partir das 9h15, no apartamento de um aliado numa zona nobre de São Paulo. Depois, respondeu a perguntas por tempo semelhante.
“Eu estava em dúvida entre Alvaro Dias [Podemos] e o Bolsonaro. Agora tenho certeza que sou Bolsonaro”, disse o dono da rede de lojas de artigos esportivos Centauro, Sebastião Bomfim.
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A maioria dos presentes não permitiu que seu nome fosse divulgado, por basicamente estar sondando terreno com o atual líder das pesquisas eleitorais nas quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), virtualmente inelegível, é excluído do páreo.
Há um temor de ser identificado com Bolsonaro, figura polêmica devido a seus arroubos retóricos. Na plateia, havia presidente de empresa aérea, dono de uma das maiores tecelagens do país, controlador de rede de serviços estéticos, atacadistas, varejistas.
“O empresariado tem de sair da moita. Ninguém lá compra ou vende para o governo”, disse Bomfim, que foi coordenador da pré-campanha de Rocha e um dos maiores apoiadores do candidato a governador paulista João Doria quando ele disputou a prefeitura paulistana pelo PSDB, em 2016.
Nenhum dos presentes se mostrou preocupado com as acusações de racismo, homofobia, misoginia e a apologia ao regime militar associadas a Bolsonaro.
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“O que mais impressionou foi quando perguntamos como poderíamos ajudar com a campanha”, relatou Bomfim. “Ele disse: Não quero doação, se vocês puderem gastar sola de sapato para divulgar meu nome, ótimo. Eu nunca vi isso candidato não pedir dinheiro.”
Em outro momento, os presentes questionaram a escolha do não menos polêmico general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) para a vice do deputado.
O candidato confirmou o que vem circulando em forma de memes por seus apoiadores em redes sociais: Mourão é uma vacina contra eventual pedido de impeachment contra Bolsonaro, já que a classe política não gostaria de ver um general defensor de intervenção militar no poder.
Para outro presente, o empresário Fábio Wajngarten, que aconselha a comunicação digital do deputado, Bolsonaro se colocou como um “candidato dos tempos da internet, em que valores precisam ser reais, sem marketing”.
Outros aliados de Bolsonaro estavam presentes ao encontro, como o general da reserva Augusto Heleno e o presidente da União Democrática Ruralista, Luiz Antonio Nabhan Garcia. O seu guru econômico, Paulo Guedes, teve de faltar devido a problemas familiares.
O evento ocorreu na manhã seguinte ao primeiro debate do qual Bolsonaro participou na vida como candidato a um cargo executivo, na Rede Bandeirantes. Ele se disse feliz com o desempenho.
A aproximação do deputado dos donos do dinheiro, francamente favoráveis a Alckmin, vinha ocorrendo principalmente por meio de eventos no mercado financeiro -muito mais receptivos a Bolsonaro pela presença de Guedes, que fala a língua do meio, em seu time.
O café de sexta não foi o primeiro, mas foi o mais relevante evento de contato com o setor produtivo, justamente no momento em que o tucano recupera espaço em seu quintal político segundo pesquisas.
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