Com o retorno de Jair Bolsonaro ao comando de sua campanha, o general Hamilton Mourão, seu vice polêmico, sai de cena. O próprio Mourão não esconde que criou embaraços para o "número 1", como se refere ao presidenciável do PSL.E que entrou numa fase de "silêncio obsequioso". Já teve que desdizer o que disse algumas vezes.
Quando Bolsonaro estava internado no hospital, o general defendeu a elaboração de uma nova Constituição elaborada por "notáveis" e não pelo Congresso Nacional e falou em "autogolpe" se o governo não tiver a contento. Além de críticas ao 13º salário e dizer que seu neto é uma demonstração do "branqueamento da raça". Em alguns desses casos, Mourão foi repreendido por Bolsonaro.
Nesta segunda-feira (9), porém, o vice foi desautorizado em rede nacional, durante entrevista do candidato ao Jornal Nacional. Em um ato falho, trocou seu nome duas vezes, o chamando de Augusto Mourão,confundindo nome com o do general Augusto Heleno, cotado na lista de possíveis ministros de Bolsonaro.
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"Ele (Mourão) é general e eu sou capitão. Mas eu sou o presidente e o desautorizei nesses dois momentos (Constituinte e autogolpe). Ele não poderia ir além do que a Constituição permite. Jamais posso permitir uma nova Constituinte. Quanto ao autogolpe, não entendi direito o que ele quis dizer. Se estamos disputando uma eleição é porque acreditamos no voto popular. Repito. O presidente será o senhor Jair Bolsonaro e o general Augusto (sic) Mourão nos auxiliará", disse Bolsonaro, que continuou.
"O que falta é um pouco de tato e vivência (a Mourão) com a política. E ele rapidamente se adequará. Agradeço a participação do general Augusto (sic) Mourão, mas foi infeliz. Deu uma canelada".
Sétima opção
Mourão tem dito que não é político e que está tentando se acostumar ao meio e ao convívio com jornalistas. Até agora, o general não demonstrou incômodos com as críticas de Bolsonaro. Ele estava longe de ser o preferido do capitão para ser seu parceiro de chapa. Seu nome foi o sétimo citado.
Bolsonaro tentou como vice o senador Magno Malta (PR-ES), mas o parlamentar recusou com o argumento de que não trocaria uma reeleição garantida para o Senado por uma aventura na chapa presidencial. Malta não foi reeleito e Bolsonaro está próximo de ser eleito presidente da República.
O candidato vetou novas entrevistas de seu vice. Os dois praticamente não cumpriram agendas juntos nessa campanha, antes mesmo do atentado contra o presidenciável em Juiz de Fora, dia 6 de setembro. Para o general Paulo Chagas, presidente do grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), falta traquejo a Mourão, e dá um conselho ao colega de patente.
"Essas polêmicas se dão por falta de traquejo político. Aconselho ele, ao responder a pergunta de um repórter, que comece pela justificativa, e depois responde se sim ou não, se concorda ou se discorda. Se responde primeiro ao núcleo da pergunta, corre o risco de ser mal interpretado" , indicou Chagas.
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