No figurino liberal que passou a adotar para atrair o mercado e o apoio de empresários, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) fez nesta quarta-feira (20) um gesto concreto de que está abandonando seu lado estatizante, que marcou suas posições em quase três décadas no Congresso. Ele votou a favor do projeto que permite à Petrobras vender até 70% da exploração do pré-sal na chamada área onerosa cedida pelo governo.
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Mas o voto de Bolsonaro não passou incólume e indiferente pela esquerda, que, logo que identificou seu voto no painel eletrônico, o criticou e o acusou de "entreguista".
Deputados do PSOL e do PT, contrários ao projeto, foram para cima do adversário na corrida eleitoral. Uma demonstração de que Bolsonaro preocupa.
“Estamos diante de um Jair Entreguista Bolsonaro”, discursou o deputado Henrique Fontana (PT-RS), líder da Minoria na Câmara.
Em entrevista à Gazeta do Povo na semana passada, o militar disse que vai partir para o liberalismo. Pelo texto-base do projeto aprovado ontem, a Petrobras pode transferir até 70% dos direitos de exploração de 5 bilhões de barris de petróleo da Bacia de Santos.
“Quero perguntar à bancada do pré-candidato Bolsonaro: vocês defendem a privatização da Eletrobras? Da Casa da Moeda? O pré-candidato de vocês defende a privatização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal? Eu espero que no debate político vocês deem essas respostas”, questionou Glauber Braga (PSOL-RJ).
O texto foi aprovado por 217 votos a favor e 54 contra. O voto de Bolsonaro foi silencioso, discreto, sem discurso. líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), tratou de defender seu presidenciável e respondeu aos algozes esquerdistas.
“Vocês limpem essa boca com ácido antes e falar do Bolsonaro”, rebateu o delegado.
Em 2010, Bolsonaro votou com o PT sobre modelo de partilha
Bolsonaro não se manifestou nas redes sociais sobre sua posição. No passado, ele defendeu a participação obrigatória da Petrobras na exploração dos campos do pré-sal. Em 2010, ele votou, junto com o PT, a favor do projeto que instituiu o regime de partilha no pré-sal e a participação obrigatória da estatal na exploração dos campos. Mas mudou de ideia.
Seu filho, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que também foi a favor, justificou o voto da família e do partido.
“Quero registrar o posicionamento sim do PSL. De fato, é uma medida que traz concorrência para o mercado. O brasileiro não merece pagar a conta da roubalheira da Petrobras”, disse Eduardo.
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