A campanha presidencial do PT pagou quase R$ 8 milhões a empresas próximas do partido que têm conexão com a Operação Lava Jato. As despesas estão registradas nas contas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve a candidatura indeferida, e do substituto dele, Fernando Haddad.
A campanha do ex-presidente Lula gastou R$ 4,9 milhões para locação de equipamentos para gravação de programas com a Rentalcine – que tem como sócios um réu na Lava Jato e um delator relacionado à Odebrecht no Peru. Além disso, Fernando Haddad gastou mais R$ 2,1 milhões com a mesma empresa.
Com serviços que somam R$ 7 milhões, a Rentalcine é a maior fornecedora da campanha presidencial petista – as despesas de Lula e Haddad totalizam R$ 28 milhões, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Gastos com outras empresas
A campanha petista gastou ainda R$ 741 mil na compra de panfletos da gráfica Braspor, que apareceu na Lava Jato por repassar dinheiro para uma empresa fantasma do ex-deputado federal André Vargas, na época do PT. Entre 2013 e 2014, a Braspor fez ao menos três depósitos na conta da LSI, a empresa mantida por Vargas. Os pagamentos somaram R$ 79 mil.
Segundo o Ministério Público, o dinheiro era pago a pedido da agência de publicidade Borghi/Lowe, que tinha vários contratos com o governo. Ela subcontratava as firmas para executar serviços e pedia que repassassem valores relativos a bônus para a empresa de Vargas.
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Vargas foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, com pena de quase 14 anos. O dirigente da Borghi/Lowe, Ricardo Hoffmann, também foi condenado, mas as empresas subcontratadas pela agência, entre elas a Braspor, acabaram não sendo responsabilizadas neste processo.
A Braspor, que já atuou em outras campanhas petistas, também se envolveu em outro imbróglio, este relacionado à campanha da ex-presidente Dilma Rousseff. A empresa afirmou que prestou serviços que custaram R$ 350 mil na época da tentativa de reeleição de Dilma e que nunca recebeu. O partido negou ter realizado este gasto, o que levantou suspeitas do TSE.
Já Giovane Favieri, sócio da Rentalcine, é réu na Lava Jato por lavagem de dinheiro. Segundo a acusação, em 2004, o Banco Schahin firmou um contrato fraudulento de empréstimo de R$ 12 milhões com o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula.
O dinheiro na verdade tinha como destino o PT e teria sido pago ilegalmente após uma das empresas do Grupo Schahin fechar um contrato de R$ 1,6 bilhão com a Petrobras, dizem os procuradores da Lava Jato.
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Essa operação teria sido feita para dissimular e ocultar os pagamentos ao PT, entre eles a empresas de Favieri por serviços na eleição de 2004, em Campinas.
Outra empresa de Favieri, a F5BI produções Ltda, foi a maior fornecedora da campanha de Haddad à prefeitura em 2016. Ele entrou na Justiça cobrando uma dívida de R$ 2,66 milhões por serviços prestados na ocasião.
Também sócio da Rentalcine, Valdemir Garreta é colaborador de autoridades peruanas em investigação de caixa 2. Disse a procuradores que a Odebrecht lhe pagou US$ 2 milhões (R$ 7,8 milhões) por ordem de Félix Moreno, governador da região peruana de Callao, a título de assessoramento na campanha de reeleição.
Outro lado
Garreta não se manifestou. Favieri, por e-mail, afirmou ser inocente da acusação na Lava Lato e que não sabia a origem dos pagamentos. “Estamos locando toda estrutura física e de equipamentos para a produção de TV, rádio e internet, para a campanha presidencial do PT. Praticando preços de mercado”, afirmou Favieri, sobre os serviços prestados.
Já o dono da Braspor, Paulo André dos Santos Gomes, afirmou que presta serviços para vários partidos e que a empresa não cometeu irregularidades no caso ligado ao ex-deputado André Vargas.
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A empresa afirma que os repasses eram relativos a bônus devidos e feitos a pedido da agência. Segundo a Braspor, não chegou a ser aberto nenhum inquérito contra ela.
A campanha de Haddad afirmou que não se pronunciaria.
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