Divergências internas estão minando a unidade do chamado ‘centrão’, o bloco de partidos médios e nanicos que deu sustentação à gestão de Eduardo Cunha (MDB-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados entre 2015 e 2016. Motivo: a eleição presidencial de outubro.
O grupo que reúne siglas como DEM, PP, PTB e PSD, entre outros, é disputado a tapa pelos pré-candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT). Ambas as campanhas colocam as esperanças de alavancar as respectivas candidaturas com a propaganda em rádio e televisão, que começa em agosto. Angariar apoio entre as legendas do centrão significa aumentar o tempo disponível no programa eleitoral.
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Ciro ordenou que aliados conversem com todos os partidos. Tende à esquerda, mas não vê chances de se coligar ao PT. Por isso, abriu-se ao centro. DEM e PP são os mais inclinados a caminhar junto com o ex-governador do Ceará nas urnas.
Mas Alckmin não se dá por vencido e pressiona caciques do centrão a apoiá-lo. Legendas como PTB e PSD tendem a se alinhar com o tucano. Mas há um receio: o mau desempenho dele nas sondagens eleitorais. A avaliação dos partidos é a de que o ex-governador de São Paulo é ideologicamente mais identificado com o bloco, mas suas dificuldades em decolar na preferência do eleitor complicam as negociações.
O bloco tenta manter uma unidade para aumentar o poder de barganha e garantir um bom espaço no próximo governo. Ideia é fechar apoio a um único candidato, mas está difícil chegar a um consenso. Reuniões se sucedem. Nenhum dos dois conseguiu, ainda, que os concorridos partidos batam o martelo pelo apoio a seus nomes.
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O cenário ainda deve levar mais três semanas para se definir e a palavra final, só nas convenções partidárias que acontecem entre o fim de julho e o dia 5 de agosto. Nem PDT, nem PSDB definiram, ainda, as datas dos seus eventos.
Alckmin cobra correligionários. Ciro, tenta conquistar empresários. Fora dos holofotes, o tucano tem se mostrado destemperado e ansioso com o baixo rendimento. O pedetista, já conhecido por seu temperamento difícil, trabalha a imagem e tenta parecer menos arisco.
Até as convenções, conversas nos bastidores, jogo de cintura, reuniões, contas, muitas contas. E um intenso jogo de conquista.