Certo de sua reeleição ao Senado nas eleições de 2018, Renan Calheiros (MDB-AL) já vislumbra também o retorno à presidência do Senado. "Lulista", um dos mais engajados na campanha em prol de uma aliança com o PT em Alagoas, o senador já abriu conversas com colegas do Senado, especialmente os petistas.
O reconhecido talento para negociações e articulações políticas pesa a seu favor. Mas, segundo outros senadores, Renan, um dos mais experientes políticos do país, "conhece muito de todos" e "usa isso a seu favor, com jeitinho". "Não é ameaça, não passa nem perto de chantagem. Mas todos os lados têm consciência do acordo silencioso que existe. É política", afirmou um senador que já foi procurado por Renan em meio às sondagens pela volta do alagoano à presidência da Casa.
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Eleição para a presidência do Senado será em fevereiro
A eleição para o Senado ocorre a cada dois anos, no início de fevereiro. Renan esteve à frente da Casa de 2012 a 2016 – sua segunda passagem pelo cargo –, quando foi substituído pelo colega de MDB Eunício Oliveira (CE).
Eunício até gostaria de se reeleger à presidência do Senado. Mas pode precisar driblar alguma resistência interna. Sua gestão não tem sido vista com bons olhos pelos colegas. Renan e ele nunca foram próximos. Se toleram pelas exigências políticas. Mantêm as aparências, quando necessário. A avaliação geral é que Renan fica melhor no cargo.
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Embora o senador por Alagoas tenha saído na frente, muita água ainda vai passar por baixo da ponte até fevereiro. Renan bateu de frente com o MDB pouco após Michel Temer assumir o Palácio do Planalto. Ele sempre foi aliado de Lula, mas o enfrentamento com o governo começou a ficar muito evidente, em uma estratégia eleitoral, já que o eleitor alagoano tende a apoiar o ex-presidente petista.
Eunício, porém, é mais contido nas falas públicas. Também é um condutor político menos experiente e habilidoso.
Renan tende a insistir na candidatura mesmo sem o apoio do MDB
Se o MDB não concordar com a candidatura de Renan, o alagoano pode seguir em voo solo, sem o apoio do partido, apoiado, por exemplo, pelo PT e outros aliados. Ele já conversou, por exemplo, com senadores do PSDB, DEM, PP e PR.
A eleição para o Senado costuma ser protocolar, com poucos votos divergentes. Os senadores chegam ao plenário com maioria acertada previamente. Desde a década de 1990, o MDB comanda o Senado. Já passaram pela cadeira nomes como Jader Barbalho, José Sarney, Ramez Tebet, Garibaldi Alves.
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É comum, ainda, um candidato oposição, para "marcar posição" contra a "hegemonia emedebista". Mas esse senador divergente não consegue mais do que três ou quatro dos 81 votos.
Fim da última gestão de Renan no Senado foi marcado por polêmica
No fim de 2016, quando encerrava sua gestão no comando do Senado, Renan foi protagonista de uma polêmica com o Supremo Tribunal Federal (STF). A maioria dos ministros decidiu que réus não podem ocupar cargos de sucessão à Presidência da República, como é o caso do presidente do Senado. Então, o ministro Marco Aurélio Mello mandou que Renan deixasse a cadeira. O senador se recusou e, dias depois, os demais ministros do STF derrubaram a liminar monocrática do colega.
O Supremo ainda não terminou o julgamento do mérito do caso devido a um pedido vista pelo atual presidente, Dias Toffoli, que à época avaliou não haver urgência para decidir a questão. Toffoli, recém-empossado na presidência do STF, não vai se envolver em questão polêmicas no início do seu mandato. E, portanto, não colocará esse tema de volta em pauta pelo menos até março do ano que vem. Renan, que já é réu no STF pode seguir com seus planos tranquilamente.
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