O candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) disse que sente o país vivendo um estado de anarquia, e citou a sequência de decisões no dia 8 de julho em torno da soltura do ex-presidente Lula como um exemplo que gera desesperança no brasileiro. “Cinco decisões estapafúrdias num domingo. Quem assistiu isso não pode duvidar que estamos num estado de anarquia”, declarou.
O pedetista respondia, durante entrevista a Reinaldo Azevedo, na Rádio Band News nesta sexta-feira (27), sobre a declaração dada em entrevista no Maranhão, no dia 16. “Só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga. Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”, afirmou na ocasião.
Ciro disse que foi claro em sua declaração. “Só quis dizer o óbvio. Eu sinto que nós estamos num estado de anarquia”. Ele negou que tenha alguma intenção de acabar com a Operação Lava Jato e defendeu a operação como uma “inflexão fundamental”. O presidenciável informou que já fez 80 denúncias contra pessoas envolvidas em casos de corrupção, citando o presidente Michel Temer.
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Ele se declarou um “amante do Estado Democrático de Direito”, disse que é a favor da soltura do ex-presidente Lula pela ausência de provas no processo, mas que não tem o poder de soltá-lo. “Eu não tenho a faculdade de soltar o Lula, mas tenho uma opinião de velho professor de Direito. Eu acho que a sentença que o condenou é injusta. Na tradição do direito positivo brasileiro, não se condena penalmente por conjunto indiciário, só a prova. É o primeiro julgamento que elabora sobre a tradição anglo-saxã”, disse.
Apesar disso, o candidato disse que discorda da estratégia do partido de manter a candidatura do petista apesar da condenação por turma colegiada em segunda instância, hipótese de ilegibilidade prevista pela lei da ficha limpa. “Estou dizendo que o PT está fazendo uma estratégia que leva o país a dançar na beira do abismo”, afirmou.
Ciro declarou que, se o senso comum estiver correto e Lula for inelegível, “o que está em rumo é uma fraude na liderança do comando do país”. O pedetista disse que o país “não aguenta mais um presidente por procuração”.
‘Doce de coco’
Criticado pelo estilo verborrágico, ele disse que as pessoas querem fazer dele algo que ele não é e se descreveu como uma “seda”, um “doce de coco”. Ele disse que, durante a campanha presidencial, pretende ser “sincero” e “honrado”.
“O próximo presidente vai se desmoralizar em seis meses se deixar o povo acreditar que está na mão de qualquer um de nós candidatos ou candidatas resolver o problema sem dor. Não vai dar”, disse.
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Em uma crítica ao adversário Jair Bolsonaro, do PSL, ele afirmou que não se resolve os problemas do país com “frases feitas”. “Ele sente todo o povo com a corrupção na política e o sofrimento com a insegurança e vai com duas ou três frases e resolve tudo. Só que eu já fui prefeito, governador e ministro e sei que o céu não é perto”, disse.
Na entrevista, ele defendeu a redução das renúncias fiscais para setores econômicos e uma reforma tributária que cobre impostos sobre lucros e dividendos e grandes heranças.
“Com uma alíquota moderada, é possível arrecadar entre R$ 40 e R$ 50 bilhões com imposto sobre lucros e dividendos”, disse.